domingo, dezembro 30, 2007

Neuro-ótica

A qualidade atribuída a mim e a outros milhões se auto define pela própria construção da palavra: a ótica neurológica, a mente em comando. O ponto de vista racional que SEMPRE se lança a frente das outras respostas mais criativas e independentes que possamos querer ter. Mas a mente não deixa. Ela racionaliza e justifica cada detalhe analisado, ponderado, pesado, dividido e segmentado, depositando ruminações nos compartimentos dos nossos pré-conceitos. Isso quer dizer: a mente nos mantém presos a padrões já estabelecidos. Essa é a sua ótica.


Tudo o que possa se apresentar como diferente e novidade para as nossas vidas, a mente se antecipa e nos faz temer que a surpresa seja uma ameaça que vai tirar o nosso chão e nos pregar uma peça do tamanho de um bonde. Tudo que acontece sem ter sido planejado é prioritariamente ruim e então a mente fica tentando prever e antever cada circunstância sem, no entanto, conseguir ter sucesso.

Não sou eu. É a mente. Não é você. É a sua mente.

quinta-feira, dezembro 27, 2007

O mês das organizações finais

Dezembro...
Mês das quadradices, queremos aparar arestas para o ano seguinte entrar redondinho. Organizações finais, as que embalam 2007 e anos anteriores num só pacote. Destino: gaveta.
Todos os arquivos estão lá, para curiosidade ou inspeção do governo; está tudo certo, só não quero que fique à vista. Lugarzinho todo especial longe dos olhos.
Liberando espaço para os arquivos novos. Que os antigos sejam guardados apenas como lembranças, com organização e asseio. Por número de série e data, cada qual no seu lugar.
Várias pessoas me dizem que sou organizada. Sendo o caso, estou me profissionalizando nas organizações antes amadoras. Levar a vida bem certinha para render mais; tempo e qualidade de vida.
Contratos renovados, outros rescindidos; é assim mesmo. O que está satisfatório até bom, mantemos. De resto, o reembolso se faz necessário. Pelo menos a troca por algo mais útil, mais agradável.
Pelo menos do meu ano eu quero isso: que tudo seja eficiente e belo; além disso, quero que todas as coisas boas venham sem dor.

Fim de ano

DE OLHO NA BOCA.

msn 5

offline.

The Completion about Venus in Ares

I don't want anyone to have me;

I want to belong to myself.


msn 4

i am always busy

msn 3

you are always absent

msn 2

nobody talks to anybody

msn 1

you become a name on a list

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Meu nome

Eu quero um novo nome. Há anos procuro um nome para mim; é como se o meu não me bastasse. Com ele vim à Terra; foi o nome dado ao corpo e à individualidade. Mas que nome tem a minha alma?
(. . .)
É com esse nome que eu quero ir ao mundo; não com o que recebi. Quero manter privado o meu nome próprio e receber um outro, um mote . Coleto nomes. Recolho nomes. Estou sempre pensando em nomes. Sempre procurando pelo meu.

Realmente uma pessoa muito popular

Tenho certeza que mais gente do que eu conheço sabe quem eu sou. Conheci gente em todo lugar. Aí entrei na fase do corte. Espectros de gente, sentimentos antigos e rotos, nomes com teia de aranha, frases antigas que costumava dizer, formas de pensamento adolescentes... Tudo down the drain. Gostei! Gostei tanto que não consegui parar. Virou uma compulsão enxugar. Tudo porque cada centímetro da minha vida quero que pertença a mim. E qualquer um ou qualquer coisa que estiver ocupando qualquer espaço sem se fazer valer será jogado para fora. Eu sou internamente reciclável, como são os templos. Estou UQASE nova em folha. Quase-quase. Wait-and-see. Foram sete anos de azar! Quatorze... Talvez vinte-e-um.
Ontem eu vi que tenho menos fãs no orkut que a maioria das pessoas que eu conheço. E fui lá, naquela lista, ver quem eram os afortunados insanos fãs meus!! Por que algumas pessoas me adicionaram como fãs, eu não sei. Mas achei fofo mesmo assim, ver alguns rostos por lá... "Sim, você pode ser meu fã, porque eu te gosto!" - falava minha voz interna de aprovação. Sobre pouquíssimos pensei: "o que você está fazendo aqui?!"
De qualquer forma, as pessoas sobre quem teria tal pensamento rude já se mantém naturalmente longe. Muito bem. Foram bem ensinadas. Mas algumas outras eu gostaria que estivessem mais perto. Percebi que esse treco de perto e longe é relativo (a gente sabe da mesma coisa mil vezes diferentes, né? porque as coisas mudam de prisma, cada hora a gente aprende a mesma coisa de um jeito novo, ou então eu sou bem burra) porque na verdade não são as pessoas que se aproximam e que se afastam, mas minha órbita que é irregular. Eu sou um Plutão da vida. Pessoas só seguem o fluxo do Sol. Sou eu que preciso de muito espaço, mesmo sendo um planetóide.
E também preciso de distância. Para sentir saudade. Para saber o que é meu e o que não é. Eu só quero o que é meu, mais nada. Tenho necessidade de sentir falta e medo de perder, não sei perder... Tenho medo de perder. Por isso jogava fora antes. Mas agora eu deixo morrer antes de enterrar. Acabamos em plutão mesmo, hein? Achei que fosse qualquer outro fenômeno.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

THE QUEST

The thing is: not everyone is intended to evolve spiritually.
It is not the quest for everybody; but it is for many.
And the thing of our time is: there is not just one way to do it.
The difficulty of our time is that every individual has got to find his own path.
Not to follow, but to become.
It is not about mass evolution. It is about individual evolution.
Respect for every differenT.

A mala

Há meses (talvez anos!) estou convivendo com uma infiltração numa das paredes do meu quarto. As manchas agora estão mais feias, grudadas no armário, quebrando a parede interna que é feita de madeira e se alastrando pelo chão, entortando os tacos.

Há anos eu puxei um fio para dentro do armário para fazer uma tomada que servisse para ligar uma luminária na prateleira que tem no meio do armário, onde coloco estatuetas, livros e outras coisas interessantes. E eu nunca confiei muito nessa tomada. Outro dia coloquei o recarregador da bateria da câmera e o troço não ligou... Caraca! Pensando que ia rolar um curto na combinação entre possível água e eletricidade e que eu ia perder todas as minhas coisas quando o armário pegasse fogo é que na última terça-feira resolvi arrumar uma mala de viagem, daquelas grandes, de viagem internacional.

Peguei todas as minhas roupas preferidas, todas de que mais gosto, dobrei tudo e arrumei dentro da mala. As bolsas também tirei e coloquei num cesto de roupa suja, que agora é a nova casa de temporada das bolsas. Preciso tirar essas coisas daqui!!! Preciso tirar TUDO de dentro do armário. As cartinhas, as fotos, os sapatos, os casacos, as calcinhas, as meias, os acessórios, OS LIVROS, CDs, etc. Tudo o que importa mais pra mim. Imagina se pegasse fogo na sua casa... As coisas que você tiraria primeiro... Saca? Ou viver naqueles países em que se precisa ter sempre uma mochila de escape pronta, com passaporte, dinheiro, documentos e acessórios de necessidade básica. No meu caso é uma mala. É essa a sensação. De que vai acontecer alguma coisa.

I'm almost going crazy with that.
Almost.

Veio vindo num crescente a sensação até que não me aguentei e tive que arrumar a tal da mala.
E enquanto eu arrumava, me perguntava... "Pra que você está fazendo isso, cara? Já está se preparando para a obra, ou para a partida? Mas pra onde eu vou?"

E essa sensação de que a qualquer momento vou ter que fugir e se tiver os preparativos são mínimos porque a mala já está pronta estava muito intenso. Agora estou convivendo com esse trambolho no meu quarto, que ocupa todo o espaço central do cômodo. Ainda nem marquei a obra! Nem a partida. Mas a mala está pronta.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Início e Fim

TUDO pra mim é tudo. E não menospreze esses momentos; porque tudo se resume a tudo. Se no início você gostou mas não entendeu: acabou.

Ponto de vista


Eu mastigo o seu ponto de vista.
Mastigo, mas não engulo.

domingo, dezembro 02, 2007

D maior

RÉ, aqui o maior. Está sendo tocado na sua forma básica, sem pestanas; acorde com cordas soltas. É que eu acho tão bonito quando os acordes têm cordas soltas; eles ganham outra vida. Acho que os dedos ou são muito apressados em passar de um som ao outro ou fazem muita força para prender todas as cordas que são, como nós, mais felizes soltas.
Sei que ainda não tenho a velocidade nos dedos necessária para dizer que "não faço porque não quero" (ao invés de "não faço porque não consigo"), mas me falta a vontade de passar de um acorde a outro assim, tão rápido; não vejo por que uma música não possa ser perfeitamente linda e tocante tendo apenas um acorde. Sinto a necessidade de reduzir ao mínimo, encantar o ouvido com o mero poder de vibração de um mesmo acorde que vai indo, assim como um pré-orgasmo que necessita de uma mesma posição prolongada ali, num mesmo pontinho, para acontecer.
Isso tem feito com que minhas músicas mais recentes sejam bem pequenas e humildes, mas longas e expansivas. Não requerem paciência de quem as ouve, mas sim almas receptivas à sensação. Eu quero um som simples e profundo, algo de que perdemos o costume. Quero desacelerar os corações e mentes nesse gesto simples. E em um toque desarmar. Chega de desamor. Precisamos de tempo para entender e digerir a vibração; quanto menos variações, melhor. Podemos fluir numa mesma onda de frequência? Talvez através de uma música possamos.

sábado, dezembro 01, 2007

A Sereia

Eu sou úmida e fria, e vivo por debaixo da superfície de contato que existe entre o ar & a água. Não importa o quão disforme esteja a superfície, o movimento que acompanho está sempre submerso, ao fundo, e é o único tipo de terra que conheço também; aquela jazida ao fundo do mar. Mas há muita vida aqui. Algas, corais e os seres mais diferentes, de todas as espécies possíveis e imagináveis. As imaginações começaram e acabaram na água; elas todas saíram daqui e volta e meia correm para cá, assim como os medos, os pensamentos interrompidos e os sentimentos reprimidos, que criam peixes estranhos... Mas nenhuma criatura é feia, cada uma apresenta uma beleza para os olhos que conseguem enxergar. Acho que as pessoas não olham direito; para elas os seres daqui são muito mais assustadores e maiores do que para mim. Talvez seja um problema do olhar; elas também não conseguem respirar por aqui. Não conseguem retirar o alimento para o corpo da água, embora tenham saído daqui. O oxigênio que eu respiro vem de uma matéria mais densa. E essa densidade pode ser o que causa tal distorção nas pessoas. Ou fica tudo embaçado, ou sempre tudo é maior. Assim me contaram os marujos náufragos. Mas esses já não existem mais. Antes era uma honra fazer de si próprio banquete para o fundo do mar. Cada parte do corpo era aproveitada e a pessoa sofria uma completa regeneração em vida dentro de outras vidas. Agora as pessoas somente têm um gosto estranho, e não derretem como antigamente.
Mas eu tenho um segredo, uma paixão e sempre que podemos, nos encontramos. O fogo me ama, e sabe que pode lamber-me a face e os cabelos, corpo e calda, que nenhum mal me faz. Como os golfinhos que saltam à superfície, faço truques que não permitem que o enorme amor do fogo por mim se transforme em cinzas, ele ainda não pode me vencer... Mas quando estamos próximos, a frieza desaparece e a umidade vai ficando seca. Também minha calda mostra rachaduras e depois parece cicatrizar em pele. Um dia terei força o bastante para ficar até o final, ver o que acontece com meu corpo e o dele ao nos entregarmos inteiramente a esta união através do amor entre fogo & água. Tudo se transforma na sua presença. E até eu quero isso também. Para todo o sempre.