Antes que todos pensem que sou infeliz no amor, quero deixar uma coisa bem clara: não sou. Sofri um pouco com a morte do amor romântico, mas isso já tem tempo e foi um rito de passagem que levou à uma percepção bem legal; a única completude que posso procurar (e talvez, até encontrar) é comigo mesma. E essa fusão com esse "outro" que tanto procuramos, é uma fusão para curar a nossa fragmentação interna. Não sei se, de fato, essa junção dos pedaços é mesmo possível. Nossa sociedade reflete o oposto; somos fragmentados e múltiplos, e talvez that is the way it should be. You know? E então, a procura não seria por juntar os pedaços e nos tornarmos unificados, mas aceitar a multiplicidade e aprender a trabalhar com ela. Em todos os níveis.
Minha faxineira estava aqui dizendo que a bíblia prevê o resfriamento do amor, que é um dos sinais do fim dos tempos. Realmente, parece que o amor tem escapado mais vezes do nosso mundo para outros... Mas ele ainda está presente. Mesmo que, cada vez mais, existam casos de mães que matam seus bebês, e outros casos, igualmente horripilantes. O amor ainda está por aqui. Escasso? Não sei. Como escrevi há alguns posts abaixo, talvez seja a nossa percepção de amor que mudou; talvez ele use máscaras agora. Talvez ele seja múltiplo e fragmentado, de forma a podermos encontrar um pedacinho de amor a cada esquina, no cantinho da rua, jogado fora, abandonado, porque as pessoas não o reconheceram como tal.
Pensar enlouquece? Eu acho que pensar pesa. E cansa muito essa exigência de produção acadêmica e profissional. Apesar de internamente eu ser muitas, em corpo sou uma só e esse corpo se cansa de ter que se carregar para atividades múltiplas, que exigem que eu me entregue completamente, louca e apaixonada, a cada uma delas. Como de amor eu vim parar em produção acadêmica eu não sei. Mas é uma questão quente no momento. A da produção acadêmica. Estou em vias de fechar a pesquisa de iniciação científica; de férias das aulas, mas iniciando uma nova etapa a partir de segunda-feira. Que idéia minha pegar estágio nas férias. "Bem-vinda à vida adulta, Alexandra", escuto Saturno dizendo. Saturnão... Eu sei que é você por trás disso tudo.
Um comentário:
"múltiplo e fragmentado, de forma a podermos encontrar um pedacinho de amor a cada esquina, no cantinho da rua, jogado fora, abandonado, porque as pessoas não o reconheceram como tal."
o amor é um cãozinho abandonado. sempre carente e sempre disposto a vir meio sem jeito, mas sempre esperançoso quando é chamado. Mesmo que geralmente seja para ganhar uma refeição apenas, ou quem sabe só um cafuné. Mas as vezes também levam ele pra casa... e dão banho, muitas refeições, um lar...
Acho que somos múltiplos sim. Temos que aprender com Nagasen. Mas essa é uma outra história.
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