quarta-feira, agosto 27, 2008

Hoje eu vou matar aula

Hoje eu vou matar aula. Tenho que entregar o artigo final da iniciação científica, já que a apresentação é amanhã e só hoje, véspera, é que terminei o bendito. Terminei não; desisti dele.
Parece chato e foi muito chato. Imagina escrever e reescrever essa chatice por um ano! Mas eu consegui fazer isso de manhã, e daria tempo de ir, só que não quis. Adoro usar as minhas desculpas.
Fato é que se eu não for à aula, não vou encontrar a Bárbara, e por uma coincidência incrível como no blog letra "J" (Fim de Tarde), eu adicionei o blog dela à lista de blogs à direita. Nos conhecemos há algum tempo; ela namorou um amigo meu de infância; ela é de sagitário, que é meu ascendente, e foi parar lá na minha faculdade. Igualzinho como no conto do Jhonas. Só que nunca mais paramos para conversar. Ela senta lá na frente e participa das aulas, enquanto eu sento lá atrás e quero morrer.

Mas amanhã, depois da minha provação iniciática (foi mais fácil entrar dentro da caverna escura lá na Floresta da Tijuca), vou sentir uma certa leveza novamente, e um gostinho de LIBERDADE. Iuhu para mim, iuhu para nós.

sábado, agosto 09, 2008

A Busca


Quando pararmos de procurar o que já sabemos não existir, quando estivermos *absolutamente-convencidos-inteiramente* de que aquilo que tanto queremos não é possível, no que a vida se transformará? Quando pararmos de procurar a completude e a plena satisfação, não por cansaço, mas por convencimento, estaremos olhando para o quê?

Quando (simplificando) homens e mulheres pararem de procurar aquele "special someone", o que estarão fazendo? O que estarão buscando? No que estarão empregando o seu tempo?

Olha, ficamos submersos em TRABALHO (e eu coloquei a caixa-alta para ser uma caixa mesmo, cúbica, na qual nos encaixamos), e damos às nossas vidas esses dois significados: produção ou busca. É mais fácil seguir com o trabalho. É cansativo e sem sentido, mas é mais fácil porque, dia após dia, acordamos e fazemos, sem pensar. Mas mesmo sabendo que a completude dada por outra pessoa não existe, insistimos em continuar procurando. A emoção não obedece ao que já sabemos. Ela anseia e talvez até se alimente da dor provocada pela frustração (everytime) da mentira que acreditamos de que alguém nos completaria. Nossas avós juram que no tempo delas dava certo. Estou muito enfática? Não é essa a busca secreta de todo ser humano? Uma fusão satisfatória com qualquer coisa?

Eu dou voltas com a língua e com os pensamentos, porque os sentimentos estão em mim, me movendo. Eu acordo todos os dias movida por essa grande insatisfação e pelo gosto na dor de ser frustrada, e, por isso, me coloco a buscar, todos os dias, por algum segundinho de satisfação, mesmo que na dor.

Que os outros pássaros cantem canções diferentes da minha, ao menos. Que nos outros céus haja arco-íris. Que outros corações estejam cheios de sangue, pulsando em uma só direção. Que nem todos os destinos sejam esse da frustração e insatisfação... Mas será que mesmo isso vai se provar uma mentira?

Indicador apontou o passado


Lá se foi minha unha preta, ensangüentada, sangue duro feito pedra, sangue de quem vive na cidade, de concreto, sangue de piche. Lá se foi, mas eu a guardei, enroladinha em uma gase. Tudo o que é meu ou que um dia foi, símbolo de alguma coisa importante, eu tenho mania de tacar no fogo. Mas um fogo cerimonial. Sabe? Por exemplo, fotos de pessoas, pedaços meus, essas coisas. Coloco tudo no fogo. O fogo é uma excelente arma contra o fogo, sabe? É verdade.

O que mais que é verdade? Muita gente estava achando o meu dedo no-jen-to. Não sei também como; me pergunto. Esse dedo, apesar de ter sido resultado de uma intensa dor acidental e, no entanto, freudiana, estava me trazendo um orgulho absurdo. A única pessoa malhada como um gato. E, de uns tempos pra cá, tinha aparecido um buraquinho nela. Dá pra ver, na foto, como se fosse o olho branco do feijão, dá pra ver? Aquilo é a minha outra unha crescendo por baixo.

Pois é, os ciclos naturais... Estava esperando que ela caísse, mas chegou um dia que metade dela estava livre, e a outra metade presa, e eu fui chamada a tomar uma decisão: "escuta, você prefere ser lançada ao acaso e à sua falta de cuidado consigo mesma e sangrar desavisadamente, ao procurar algo dentro da bolsa, ou você prefere ir consciente a um médico e dar um jeito nisso"? Eu resolvi dar um jeito nisso. Continuo achando que eu deveria ter colocado apenas um band-aid. Resolveria o problema temporário e deixaria o fluxo natural agir. Mas eu nunca fui boa em deixar as coisas simplesmente acontecerem.

Ainda essa semana, estava perguntando a uma amiga por que nós gastamos um tempo enorme e tanta energia planejando coisas para sempre fazer diferente do que planejamos? É como se precisássemos da segurança do plano para poder ser a força contestadora, e ir contra si mesmo. É muito louco isso. Uma força rebelde que perde tempo tentando se organizar, se planejar... Incrível perda de tempo. Mas incrível mesmo, de arrancar sorrisos dos nossos rostos, de tremenda loucura. Eu não sei mais do que estou escrevendo. Baixei o cd da Linda Perry, e me deu vontade de escrever. O ponto alto do meu dia hoje foi: ir ao ambulatório cuidar do meu dedo, que eu achei que estivesse inflamando. A falta de inflamação no coração com relação à minha própria vida, aparece no dedo que indica e aponta os caminhos, não é mesmo? Como seria diferente. Aí, antibiótico. Aí, curativo. A ferida se fecha para a vida, para o novo.

Mas não foi para vir o novo que eu tomei a decisão de arrancar o velho?