segunda-feira, agosto 10, 2009

Venha hoje, no dia mais fértil

Venha hoje, e faça eu esquecer os meus pesares com o peso do seu corpo. Nenhuma palavra é necessária; venha hoje respirar na minha boca, roubar a minha alma, beber o meu sangue, me levar pela mão, trocando comigo o segredo da vida. Venha hoje me tatuar com o seu tato, ser o meu sol, me esquentar e me preencher, como a água penetra nos lugares por onde passa. Traga as suas marés com as suas tempestades e eu serei o seu rochedo de acalento. Traga o desespero dos seus ventos e eu serei os grãos de areia que viajam em seu corpo. Seja o meu pão, o alimento sacro, o centro da minha cruz dourada, venha e devore o meu corpo com a sua fome, fecunde o meu corpo antes que nove meses se passem desde a nossa separação e eu dê à luz a um fantasma. As minhas colinas esperam, com as gramas aparadas, os matos escondidos e todos os gostos da floresta, com os monstros que vivem nas grutas e os peixes abissais do meu mar, e os pássaros que esperam em seus ninhos... e também aqueles que levantam vôo, contemplando. E as feras e os animais domésticos que tenho em mim. Vamos ser o chão da savana, a própria vida selvagem, sem diferenciar caça de caçador. Venha hoje, eu aguardo, de onde estiver.

2 comentários:

Inara Vechina disse...

Estou sem fôlego.



è isso....é isso que eu diria para um grande amor.

Lívia Estrella disse...

I N tenso!
Adorei o blog. Vamos adicionar nos favoritos!

Continue deixando vir [as palavras, as sensações]... essa é a beleza!