A nossa posição no mundo não reflete quem somos. Ela reflete quem projetamos. Essa imagem projetada é construída, e é a conquista do nosso lugar ao sol, porque é a parte que aparece, é aquilo que mostramos diante do holofote de luz. Essa imagem projetada às vezes compensa nossas fraquezas de espírito, principalmente quando encontramos ecos que apóiem o que estamos mostrando, quando encontramos ecos que incentivam e elogiam, nos fazendo sentir queridos e amados. Mas os ecos respondem apenas à imagem projetada. E, a longo prazo, não satisfazem às necessidades da alma e do espírito, daquilo que realmente somos. Continuamos sozinhos, apesar do destaque. Aliás, quanto mais destacado, mais sozinho.
O problema não está na solidão. A parte traiçoeira está com quem você se deita ao travesseiro e quem você encara, sozinho, na frente do espelho. Quem se deita com você é apenas você mesmo. Mas se você estiver inteiro, a solidão cai bem. E o papel de destaque passa a ser secundário.
É assim que isso se transformou pra mim. O papel de destaque é secundário.
Eu encontro resistência de pessoas que pensam o contrário. Elas quase matam a si próprias para parecerem mais interessantes na frente do holofote. E conseguem! Então, vitória para elas, já que é isso o que desejam. Mas é um terreno traiçoeiro.
A opinião que as pessoas geram e trocam entre si a respeito da sua imagem projetada, sendo boa ou ruim, é uma crítica. E porque a imagem é pública, as pessoas podem pensar que possuem a você. Que você pertence a elas e ao mundo e, por isso, elas podem manifestar suas impressões sobre quem você é e o que você faz.
Mas isso nunca será amor e nunca será satisfatório. Muito pelo contrário, com o tempo passa a ser um fardo que queremos evitar, um peso desnecessário. O único amor realmente satisfatório é aquele de estarmos realizados, com ou sem imagem de destaque e a maior dificuldade é também se amar apesar de não estar no seu lugar no mundo, como se o seu valor dependesse do lugar que ocupa. O valor de uma rainha é maior que o do camponês. Mas quem é mais feliz e quem pode ser mais leve?
A crítica é uma falta de amor para com o próximo, e a crítica começa a partir de nós mesmos, ao gerar opiniões sobre esta ou aquela pessoa.
As pessoas devem viver quem são, e não relatarem ao mundo quem são. Mas é um jogo que a gente vai descobrindo as regras aos poucos. Só espero, não tarde demais.
Um comentário:
Também espero que não seja tarde para que eu possa aprender a parar de criticar...
Beijinhos, Florboleta!
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