domingo, março 30, 2008

"Music takes you round and round and round and round...Hold on to your love"

Esse baixista mandou ver, algumas vezes. Principalmente quando estava no teclado!

Vimos o show todo de pertinho assim!

Ele veio algumas vezes para perto de mim, mas não me deu muita bola. Ele leu meus lábios, viu que eu disse "I love you. Thank you", porque consentiu com a cabeça, mas ele só se veste de branco e pode ter se assustado porque eu estava de preto, com olhos puxados pretos e etc.


Daddy foi comigo. Não reclamou do ingresso caro. Ponto para daddy.



Acho que isso foi em "Killer". Eu sabia que era essa música, mesmo antes de ele dizer.





Isso também foi em Killer. Foi daí que começamos a ver o show.

* 8 *
Algumas considerações:
Eu não tinha certeza se iria mesmo porque 1) não conhecia o caminho; 2) meu otorrino me proibiu de dirigir por causa da suspeita de labirintite; 3) eu já fui a show sozinha, o do New Order, e foi uma bosta.
Nessas horas é que a gente vê como o tarot é ótimo! É perfeito para essas situações de decisão, quando se tem dúvida entre uma questão e outra. Você põe duas cartinhas para o "sim" e duas para o "não", e impressionante como ajuda! Eu já tinha quase decidido não ir, quando pensei melhor e fui jogar pra ver... Poxa, eu adoro Seal há anos, já fiz até cover dele, e se eu não fosse, não sei quando teria outra oportunidade. Saiu "O Sol" com a rainha (ou princesa?) de copas para o "sim". Fiquei feliz de ter conseguido a companhia de papi, que foi ótima, e mais ainda de ter ido ao show. Foi muito legal.

Tudo isso graças ao tarot de Thoth. Merci Thoth! Linda lua na saída, por sinal. Obrigada duplamente.

terça-feira, março 25, 2008

Flashes do underground que go round and round

Descendo as escadas, sempre algumas figuras chamam mais a atenção do que outras. Tento me distrair, vez ou outra, para que as pessoas não percebam que eu desço as escadas como se fosse uma princesa usando um vestido com uma cauda enorme num salto agulha. Homem que mastiga pipoca de lado, com o canto da boca esticado. Prestes a embarcar, mas está lá, eu estou aqui, e ele não tem a menor noção de que alguém está prestando atenção nele e achando horrível o jeito dele de mastigar. Carros lotados, abrem as portas do trem, todo mundo já entrou, eu digo que não vou entrar, mas entro. Homem parado no vagão errado; será que ele se deu conta e finge que não? Decotes e muita bijuteria. Minhas mãos encostam no seio de alguém. Nas costas de uma senhora morena e humilde existe algo que sai pelo canto da blusa que parece com um chiclete mastigado e que foi feito bolinha, e depois pisado... Eca, uma verruga! Nesse carro tem os seguradores que eu tinha pensado... Deve ser novo. — Esse vagão sacode mais porque temos peitos? Parece que sacode mais que os outros. E todos os funcionários ficam rindo de nós da sala de controles, pelas câmeras escondidas no metrô. Todos os peitos pulam. Olho pros meus do outro lado do corredor, no reflexo do vidro, mas meu sutiã é potente. Ih, menina bonita, pele branquinha, cabelos ruivos, curtos. Marca de piercing cicatrizado na sobrancelha direita. Os peitos dela pulam muito. Pegou um livro que pensei ser a biografia do Marilyn Manson, mas que não era. Era algo como “torne-se uma mulher de negócios”. Pulso imobilizado. Ela me olha. Tem pinta no canto direito da boca. Menino no vagão errado é retirado pelo segurança negão. Seguranças negões fazem eu me sentir segura. A mulher que está ao meu lado tem várias feridas na boca, sinto medo. Medo do que está nesses postes escorregadios onde as minhas mãos estão. Viro de costas pra ela. Agora tem uma cadeira, posso sentar. Mas logo chega a minha estação. Vou para um lado e a menina bonita vai para outro.

domingo, março 23, 2008

Cabeça desmontável

Ainda bem que meu som é desmontável; se está incomodando, tiro ele de um quarto e coloco em outro. Tudo é removível, menos a cabeça. Seria ótimo se quando a cabeça estivesse incomodando, eu pudesse retirá-la de um quarto para colocá-la em outro. (...) Escrita enigmática. (...)Se as pessoas que passam pelo corredor se incomodam com o barulho e fecham uma das portas, eu vou em frente e fecho a outra. Mas, fechada em um dos extremos, com o aparelho de som e suas notas, todos dentro do quadrado, troco com quem? O gato ronca. E quem disse que eu quero trocar? Por isso gatos são ótimos; estão sempre roncando. E eu estou sempre trocando de um extremo a outro. Em ambos os casos, os repetecos são os mesmos. O cd pula, arranhado. Mesma música over and over in repeat, arranhada. Minha metáfora pobre de vida para o hoje: "There's no love, no money, no thrill anymore". Sol em casa, na janela do meu quarto, sol de casa quatro, dia recluso para o estudo. Quatro dias estudando. Estudando minha cabeça. Assunto de família. Sendo perturbada por ela, a cabeça. Bom, não por ela em si, mas por suas reações aos outros, minha família. Quatro membros disfuncionais: dois braços e pernas, cada um querendo se mover por conta própria. Pai, mãe, filha e filho achando que são mais que meros membros disfuncionais de uma sociedade falida. Ainda vem avó e resolve discutir o meu humor no telefone com a mãe e achar que eu não estou entendendo tudo. Elas gostam de discutir sobre a minha vida. Acho isso uma perda de tempo completamente irritante. Tudo irrita hoje. Por que sol de casa quatro parece vermelho? Que associação entre vermelho e quatro é essa que faço? Não sei. Vontade de gritar: NAAAAAAAAAAAAAAAAAAAÃO SEEEEEEEEEEEEEEEIIIEEEEEEEEEEEÊ!!!!!! Vontade de assumir que não sei, de ser burrinha, ficar mesmo chupando o dedo enquanto os teóricos discutem. Sociologia. Amanhã tem prova. Ainda recebo email gigantesco em conteúdo do pai e respondo mais gorda ainda. O irmão viaja. Eu não sei me colocar no meio dessa confusão. E sei que todos os meus problemas vêm dela.

sábado, março 22, 2008

M'esqueço

Eu me esqueço que não desejo pisões e pontapés, que não desejo ser despedaçada entre rodas nem atirada aos cães da miséria e da discórdia. Eu me esqueço que a substância é o amor. Eu me esqueço de sentir, porque estou ocupada fluindo no senso-comum, e eu me esqueço de me amar. Eu começo a demandar amor das pessoas, mas elas não produzem amor. Ninguém produz amor; a substância vem da fonte, não há amor dentro de nós que seja gerado sozinho. Eu me esqueço. Me esqueço de fazer apenas carinhos e de entender que se existem espinhos, de saber que não são para os meus dedos. Me esqueço, porque as coisas que me lembram são tão diferentes de tudo o que eu já tive como verdadeiro... E o que é real? Aquilo que nos repetem t o d o s o s d i a s ou aquilo que sabemos de dentro da alma mas que nos é tão raro? Eu me esqueço e não sei como lembrar. São apenas palavras os sentimentos se não são sentidos. E palavras carecem de sensação. Palavras são cascas ocas, vazias, impregnadas por nós de algum significado. As palavras estão soltas por aí como górgonas, satirizando nossas mentes perturbadas.

The Blue


"Once, I'm gonna die my hair blue", she said. Then she dived into herself and came back with the most wonderful idea. "Once, I'm gonna die my arm blue", she said. And then, blue arm tattoed she got. Seconds later, she thought "I need to become whole". And the seconds went by as days when she became the first blue human being. And her daughter was the first blue born baby. And other colored humans started to pop, afterwards.

quarta-feira, março 19, 2008

Pensamentos cortados, na vida, igual à loucura.

Entrei hoje no astro.com
E estava lá, um trânsito longo que vai desde maio do ano passado até janeiro do ano que vem.
Dizia assim: "Thinking things through
***
Valid during many months: This is a very positive influence, a time when your mind will be stimulated as never before. New ideas, new techniques and new approaches to life will continually come to you. Radical ideas that you would never have entertained before seem perfectly all right now, and you are able to use them positively."
Traduzindo:
"Válido durante vários meses: Esta é uma influência muito positiva, uma época na qual a sua mente será estimulada como nunca antes. Idéias e técnicas novas, assim como novas formas de ver a vida vão chegar até você de modo contínuo. Idéias radicais para as quais você nunca deu ouvidos antes parecem perfeitamente ok neste momento, e você será capaz de usá-las de uma forma positiva."
Contesto; não sei que idéias radicais podem aparecer neste momento que eu já não tenha ouvido ou pensado antes. Mas o que há de contrastante com todas as minhas formas de pensar do passado é que, se opondo a todas as minhas idéias liberais de antes, estou me percebendo muito mais conservadora e tradicional do que sequer ousei me imaginar antes! Modelos de vida com os quais não me importo de conviver mas que não quero para mim e outros modelos, com as quais não quero mesmo a mínima proximidade, estão se mostrando de forma muito mais clara.
Tapa na cara da menina moderninha que tentou, durante anos, ir contra as crenças tradicionais de uma família de pensamento rígido e militar... Estou ficando cada vez mais próxima deles. Isn't that funny?!
But I'm not laughing. Isso está me dando um trabalho do cão. Me obrigando a rever milhões de histórias para a minha vida, tipo... A de que não fui criada para morar em qualquer lugar nem conviver com qualquer tipo de gente. Sou muito mais madame do que a minha "piscianice" gostaria. Nada daquilo de aceitar um amor "numa casa, uma cabana". Quero meu conforto, minha organização, limpeza e vizinhança silenciosa.

sexta-feira, março 07, 2008

Irmão

Tão macio e sensível que precisa se fechar para o mundo, para as experiências da vida, para as pessoas queridas. Tem medo de se machucar. Todos temos cicatrizes. Mas enquanto eu as exibo com orgulho, você as acaricia, gemendo, encolhidinho e envergonhado. "Exibir" é mesmo um verbo estranho na primeira pessoa. Mas não é tão importante pra você a nova forma que pode aprender de lidar com esse mundo que se apressa em engolir; mais importante foi o impacto dos aprendizados anteriores que você não conseguiu descartar porque marcaram você de forma negativa. É um problema de forma esse, o nosso. Eu não acho que você tenha se entregue tanto ao amor de forma a se machucar assim... Eu acho que foi o medo. E acho que o medo impede você de sentir o amor maior, aquele de você para você mesmo que você precisa tanto. E acho que o medo impede você que o amor que recebe a cada dia fique claro como a luz do primeiro raio de sol dentro do seu coração. Claro que é necessário se proteger; mas se fechar não é "viver e aprender", é se isolar, é ser sociólogo do século dezenove quando estamos no vinte-e-um. Como você se diz bom dia todas as manhãs? Com que caneca bebe o seu café? Com que cores pinta a sua alma hoje em dia?

Eu garanto uma coisa: você não corre o risco de se perder ao se dar por amor. Desse medo você não precisa fugir. "Você" não é algo que se esgote quando a entrega é em nome do amor, seja ela para o que for. Lembre-se sempre: por amor. Faça as coisas por amor.

Amiga da Instabilidade


Ao invés de dizer "tenho amigos instáveis" ou "eu sou instável", o que traz uma série de complicações pejorativas aos nomes, prefiro admitir essa outra amizade mais recente com a Instabilidade. Percebo alguns amigos que, como eu, viajam de um canto a outro em instantes. São pessoas muito ricas que possuem jatinhos emocionais e carregam a gente junto com eles. Mas quem não gosta de surpresa, novidade e aventura se incomoda. E gente, besteira se incomodar, porque o negócio é se permitir mudar, viajar. Presta atenção:


A Instabilidade vem com a vida, e só aprendemos a desfilar com equilíbrio uma vez que nossas pernas se acostumam a flexionar-se na medida em que o chão muda de nivelamento. Temos que saber andar em terra tremida. Nenhum estado permanece. A estabilidade interior só se aprende na mudança e a minha lida com esses difíceis amigos instáveis serviu apenas como um espelho (criativo e maravilhoso) para a minha própria mudança de estado. Assim como a água é volúvel e depende do recipiente que a molda para ter forma, bastando alterações no ambiente para que se altere, não somos seres feitos aquáticos e sim feitos de água. Sofremos as mesmas alterações. No entanto, meus amigos e eu levamos essa condição a outros níveis nunca antes experimentados por pessoas. Contradizendo; várias espécies já desapareceram por conta disso, mas acredito que a mudança tenha sido um cansaço interno do tipo: "Agora chega. Quero não ser mais".


Mas é muito gratificante conversar com a Instabilidade, observar seus movimentos sempre imprevisíveis e nada calculados. E os encontros são de repente, sempre de repente e algo novo acontece a cada segundo. É demais.

terça-feira, março 04, 2008

"Type-writer"


Sou uma type-writer, faço gênero que escrevo, me isolo, penso, penso, penso e cuspo os pensamentos mastigados e com saliva com a ponta dos dedos, nem mais em um papel; teclas de uma máquina. As pontas dos meus dedos são frenéticas, precisam de muito movimento e existe uma rápida conexão delas com o mundo não-verbal, antes que eu possa refletir sobre o que estou empurrando com a ponta dos dedos, lá estão elas as palavras, todas prontas. Não sei como escrevo com sentido ao invés de aertekjeh wjeotjsa epjqw arijwuuuwb fkww, porque não sei onde vão as pontas dos dedos com os olhos grudados no resultado que vai aparecendo magicamente na tela do computador, uso computador, mas aprendi com máquina de escrever. Cheguei a fazer datilografia, empurrada pelo meu pai. Eu era uma teclinha enferrujada que ele obrigou a funcionar, mas estúpidos como são, os pais sempre se atrasam e seis meses depois já não se usava mais; as tais máquinas eram outras... Teclinha enferrujada que sou, teria vergonha de ser mãe solteira. I'm a type-writer, not any other type.