Sou uma type-writer, faço gênero que escrevo, me isolo, penso, penso, penso e cuspo os pensamentos mastigados e com saliva com a ponta dos dedos, nem mais em um papel; teclas de uma máquina. As pontas dos meus dedos são frenéticas, precisam de muito movimento e existe uma rápida conexão delas com o mundo não-verbal, antes que eu possa refletir sobre o que estou empurrando com a ponta dos dedos, lá estão elas as palavras, todas prontas. Não sei como escrevo com sentido ao invés de aertekjeh wjeotjsa epjqw arijwuuuwb fkww, porque não sei onde vão as pontas dos dedos com os olhos grudados no resultado que vai aparecendo magicamente na tela do computador, uso computador, mas aprendi com máquina de escrever. Cheguei a fazer datilografia, empurrada pelo meu pai. Eu era uma teclinha enferrujada que ele obrigou a funcionar, mas estúpidos como são, os pais sempre se atrasam e seis meses depois já não se usava mais; as tais máquinas eram outras... Teclinha enferrujada que sou, teria vergonha de ser mãe solteira. I'm a type-writer, not any other type.
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