Ontem lembrei do "por que não": tenho luz própria. Jamais poderia viver como coadjuvante da vida de alguém. Tenho horror a papéis secundários, além de ter a minha própria vida para escrever. Mas ela não, encontra-se totalmente confortável no papel que contracena e, por isso, fazem o casal perfeito. Viver com ele exige uma alta dose de auto-sacrifício. Então ela é tudo o que ele precisa e tudo o que eu optei por não ser há doze anos e eu sou tudo o que ela nunca pôde ser e, por isso, ela me detesta. Eu vejo nela quem eu seria se eu fosse mais infeliz. Ela vê em mim quem ela seria, se fosse mais autêntica. Por mais que ela se vista com roupas que a façam parecer mais adaptada ao meio, ela não consegue esconder que é uma mulher antiga com valores antiquados vestida na pele de uma contemporânea. Se ao menos eu não conhecesse sua alma poderia pisar nela e cuspir na sua cara, como meu sangue quente pede. Minha atitude reativa é fria, para sorte dela, e minha moral de boa moça não permite estragar a festa alheia. Mas não quero esses encontros desconfortáveis, desagradáveis, nos quais fingimos nos ignorar mutuamente. Não quero beijinhos na bochecha com enjôo mútuo. Se a desafeição é declarada, não precisa haver educação! Optei também por não conviver com esse tipo de situação. Um dia, ainda consigo ter menos classe para falar: -- "Garota, se eu quisesse, te enfiava a porrada. Então não vem me dar beijinho não, quando me vir".
Nessas horas eu sinto muito ser uma jovem bem educada. Certas falas são difíceis. Depois, precisam ser expressas, mesmo que por escrito...
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