quinta-feira, abril 24, 2008

quadro-a-quadro, quadro-a-quadro, ...

Estou olhando os quadros de propaganda de um site de relacionamentos que aparece toda vez fecho a minha caixa de emails. Essa mulher, achei bonita. Diferente das outras, aparentemente mais velha. Todas pousam maquiadas, etc. Ela estava sorrindo, mudava de posição, quadro a quadro. Fiquei olhando, meio pasma, meio que pensando, e me deixei levar. Imaginei-a no bar, no restaurante, ela se vestindo, comprando roupas, indo trabalhar... Porque as pessoas bonitas nos levam? Sem nem ter essa intenção, lá estava eu, com ela, na minha fantasia de imaginá-la como uma boneca, reconstruindo o seu dia-a-dia. (Não é uma cena lésbica, héteros. É uma coisa mais singela. Estamos falando de beleza.)



No entanto eu percebi que estava sendo levada... Pelas mãos, abobalhada, fantasiando em cima de imagens. Quem era aquela mulher de verdade? Ela pigarreia entre uma frase e outra? Tem a voz grave, muito aguda, anasalada? E o cheiro, é bom? Ela é inteligente? É interessante? Ela tem problemas de estômago, de tpm? Ao perceber que não sabia nada sobre ela, a enorme possibilidade de que fosse completamente desinteressante fez com que qualquer possibilidade de ser interessante causada pelo mesmo "não-conhecer" a deixasse, na mesma hora, feia. E estou me questionando, como tive vontade de colocar aqui para o mundo...


Que beleza é essa que assumimos como beleza enquanto outras coisas mais belas passam por nós sem ser vistas? Como o lado de dentro, por exemplo. Por que essas imagens ensinadas são tão cativantes?

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