sexta-feira, maio 30, 2008

Comendo mamão e pensando em você.

Cada sementinha do mamão traz um gosto amargo inesquecível. É tão ruim que marca para sempre. Cada sementinha mastigada é um sonho estourado. A cada garfada, estou mais longe e mais perto de você. Quero cortar esse vínculo com a mesma faca que corta a cor laranja. Mas eu digo que corto, que já cortei, e em sonho, lá está você novamente. Saia daqui! Quem convidou você? É um estrangeiro, forasteiro aqui. E é um invasor de terras, e este momento é um divisor de águas. Não quero misturar as coisas, nem misturar nós dois.
Eu não sei o que falar, eu não queria falar, na verdade. Queria comer a sua cabeça com mel, o mesmo mel que estou colocando em cima do meu mamão.
A vassouradas vou empurrar você de volta para onde veio. Mas eu sei que, quanto mais forte eu empurrar, mais forte vai voltar. Você é tão perturbado quanto eu. E eu não quero mais você aqui. Vai embora, de uma vez por todas, vá embora! E eu nem posso dizer isso, porque você já foi. Já foi e continua aqui! Como é isso? Eu jogo todas as sementinhas fora, de propósito. Eu vou mastigar o meu mamão neste dia nublado, sozinha.

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