Eu queria ter 6 braços. Eu sempre quis ter 6 braços e ser azul, toda azul. Com 6 braços eu poderia dar mais vazão às multiplicidades que carrego. Poderia fazer mesmo muitas coisas ao mesmo tempo! E como eu adoro, fazer mil coisas ao mesmo tempo... Deixo todas em aberto, não termino nenhuma. Deixo todas as coisas abertas, in front of me, trabalho um pouco em cada uma e, quando termino, fecho todas. Depois que eu fecho, não costumo reabrí-las. Meu pai fica louco comigo! Ele não me vê terminando as tarefas, até hoje só me viu abrindo novos inquéritos. Quando eu resolvo meus casos, não costumo reabrí-los; nunca de fato voltei com nenhum ex-namorado, na verdade, eu nem sei o que é isso. Gente que volta com ex- namorado. Acabou, está acabado. Mas sou radical assim em termos de relacionamentos. Comigo mesma, eu avanço e recuo na linha do tempo quando quero. Não me preocupo muito se é passado ou futuro... (ou presente! quase sempre esqueço dele...) Voltando aos meus braços... Eu queria ter 6 braços. Eu acho bonito. Eu ia poder dançar aquelas danças indianas sozinha. Ia ter 4 braços a mais para enfeitar, tatuar... Mas não é muito prático, né? Minha cama ia ter que ser maior. E as portas, seriam mais largas? E pra namorar deitada, onde eu ia colocar tanto braço??? Deitar em cima de um já incomoda um pouco... Imagina deitar em cima de mais dois...
E se eu nunca encontrasse uma pessoa com 6 braços também? Ninguém nunca saberia o que eu passo com a minha realidade de ter 6 braços! Encontrar alguém que entenda o que é ter 6 braços para coordenar e achar que está tudo bem parece um negócio complicado! Já é complicado hoje, com dois... Mas eu sei que as pessoas pressentem que eu tenho mais braços... Eu sempre deixo bem claro, como eu gostaria de ser homem, mulher, tudo ao mesmo tempo e mais. As pessoas sabem que, no fundo, eu tenho mais braços que elas.
Eu fico em êxtase tentando compreender os universos alheios, eu acho tudo tão bonito, as combinações que fazem, como pensam, como agem e como nada nunca tem nada a ver com nada e como tudo sempre tem a ver com alguma coisa... Observar, sorrir para o que não entendo. É um movimento científico de entrada no outro, uma entrada deslizante, mas não autorizada. Assim, o outro quase deixa e eu vou tentando entrar aos poucos, delicadamente, mas quando eu estou quase lá, o outro está quase se afogando de mim, tanta água dentro dele e eu preciso sair às pressas; sempre perco um pouco de mim no processo. Saio como complicada quando, na verdade, sou apenas muito curiosa do outro.
Olhos: já os olhos, queria ter menos... um só e eficiente. Não esses dois que não servem aos meus propósitos. Bocas, podíamos ter bocas em vários lugares do corpo! Assim, podíamos nos beijar com as barrigas enquanto as bocas no rosto conversassem, podíamos encostar em outra boca no ponto de ônibus e beijar o tempo todo com uma das bocas! Isso ia ser legal. Se todas as bocas fossem limpinhas. rs Lembrei de um amigo meu que tem essa mania. De ser uma pessoa mais limpinha que as outras. E ter nojinho das pessoas que não são tão limpinhas quanto ele.
rs rs rs
Pessoas e suas manias... São todas lindas, tão lindas!
Ai ai, como eu me sinto estranha.
Um comentário:
Eca, pessoas que não são limpinhas não deveriam ter boca nenhuma :]
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