Eu não sou uma rosa, mas fui a sua semente, que depois de plantada se desenvolveu sozinha. Só com a luz do meu sol eu cresci e sou feliz e eu tentei te mostrar, mas é impossível traduzir o que é amarelo para quem é cego e não sabe o que é a luz. Não vê nada, você tateia a vida pelas beiradas. E tudo é feio e tosco porque você não conhece o belo. Não olha para você com o seu olhar interno. Está tudo desligado, como você anda no automático. Cuidado, porque vai ser atropelada por mais um carro.
Você nunca sabe o que faz... Está sempre andando para trás... Dá um passo a frente mas nunca acerta e está tudo à mostra, bem na sua testa. Você quer cair, caia em si mesma. Você quer cair,
caia na real. Nunca pára e pensa, é sempre a vítima. Não é você que constrói a sua própria vida... Tem sempre alguém culpado; você se distancia, acha que está por cima; acha que pode se isentar de culpa se fingir de morta. Se fingir de morta, ninguém nota vida, você não precisa mostrar que deseja ser como eu. Deseja ter minha coragem e vontade. Você acha que é muito diferente das crianças para quem ensina. E no fim do dia, ninguém te quer, ninguém diz que te ama; é você com você mesma bem na sua cama, e nem você se ama... Você não raciocina, um palmo a frente do nariz é muito longe para o seu alcance. Me diz que nessa parede funciona um cérebro, mesmo que artificial, mesmo que programado. É impossível traduzir o amarelo para quem é cego! Você acha que rebater é a melhor defesa quando não há nenhum ataque, acorda e respira! Ninguém quer te ferir então não atire espinhos, assim, tão de graça, eles cortam e deixam você sozinha. Se rosas mordessem, não seriam tão famosas. Se rosas fizessem sangrar todos os corações, morreriam todas secas.
Você é a primeira a atirar a pedra, e nem sequer notou que é um grande risco, visto o material do qual é feito o seu telhado. Você é uma parede, tudo o que bate volta, mesmo que seja amor, liberdade e respeito. Acha que tudo é bomba e tudo merece a morte.
E é por isso que a vida te deixa aos poucos. Abandonada e contorcida.
Um comentário:
...eu diria tudo isso a minha mãe...
!
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