Esbarrei com ele hoje de manhã. Como se eu tivesse subido as escadas especificamente para encontrá-lo. Fui caminhando até ele. Tinha um choro atravessado na garganta que fazia parte do meu dia desde a viagem de ônibus a caminho. O amigo que estava conversando com ele sumiu. Juro que não vi sair. Virou fumaça sem cor nem cheiro. Senti mais vontade de abraça-lo do que queria ter sentido. Não contive o choro, fiquei envergonhada, mas estava trêmula e não ia conseguir fazer a prova. Tinha prova. Tinha errado o andar da sala também. Havia muitos degraus nos separando, não só aqueles em que estávamos sentados. Degraus de anos e de meses. Dos dois tipos. Ele encostou nos meus cabelos, fez carinho. Foi mais gostoso do que eu queria que tivesse sido. Senti mais vontade de abraça-lo, mais do que queria ter sentido, mais do que poderia fazê-lo, na distância entre degraus que estávamos. Degraus de anos e de meses. Dos dois tipos. Ele estava com calça rasgada. Achei engraçado. Quando o conheci, ele era mais para indie. Agora está mais para hard. Gosto mais. Aquele rasgo... Será que tenho parte nele? Não respondeu meu último email. Os homens acham que a gente é água. Só água. Eu era lágrimas. Me despedi, fui fazer a prova. Desci todos os andares, fui para o certo. Não lembro o que escrevi na prova. Ainda bem que eu podia escrever sem parar. Cheguei na sala chorando, choro misturado. Mais cedo tinha brigado com a mãe que não respeita o tempo, o espaço nem a vontade dos filhos. Fico pensando que a natureza deve ter alguma explicação que eu não saiba para ter colocado tantos degraus entre nós... Talvez para que eu não precisasse ter a mãe dele como sogra. A natureza é sábia. Eu não.
Mas que burrice não ter mencionado que o choro não era por ele! E sim pelo Rodrag, com quem eu estava quando o conheci... E que ele conheceu no mesmo dia em que a mim... : (
Você vai encontrando pessoas que o conheceram e se vê na obrigação de dar a notícia...
Nenhum comentário:
Postar um comentário