sábado, outubro 13, 2007

Pingentes

No cordão, em volta do pescoço, uma cabeça para cada ser passado por sua vida. Na linha de tempo, toda a eternidade. No correr das águas, universos transformados há bilhões de anos luz. No sangue, toda a mutação, desde o macaco. Ainda pulava de galho em galho, de tempos em tempos. O surgimento de uma nova nação lhe provocava cócegas. Já não somente usava os cordões que tecia, agora emprestava a outros, de tantos que eram. Podia distribuí-los generosamente. O cordão da morte. Milhões de escalpos, tamanhos e cores variados. Pés não eram chatos e pisavam em superfícies, mas coloriam o que chamávamos de abóbada celeste. Andava infinitamente durante o dia descalça, e, ao cair da noite, fechava os olhos para as sujeiras dos próprios pés, colocando-na sobre nós. Os séculos eram seu piscar de olhos. O coração batia admiração pela mudança. Gostava de observar os serezinhos levando comida para casa, construindo famílias, destruindo impérios.

Nenhum comentário: