quinta-feira, janeiro 22, 2009

Chuva de São Paulo

Mp3 no ouvido, ouvindo [Hard Candy] pela primeira vez. Pensar que fui fazer depilação para esquecer minhas dores... Virilha cavada, saem os pêlos e a alma. É ótimo para acabar com qualquer que seja o seu tesão. Depois, resolvi ir caminhar. Como voltar para casa? Aquela casa escura, cheia de fantasmas e vozes. Passei pela frente do prédio e continuei andando. Vontade de comprar cigarros, mas eu não faço isso. Vontade de fazer tudo o que eu não faço. Estava frio e chovendo uma chuva fina. No meu rosto e, ao redor, um capuz cinza. Gosto de casacos com capuzes, mas o frio e a chuva não estavam me incomodando, já que se mesclavam delicadamente com o meu estado de espírito. Como entender uma pessoa que se isola e não conversa com você? O problema é dela? É seu? Você não sabe e fica confusa, e sente tesão, mas não sabe se fala ou se afasta, porque ficar em cima de uma pessoa que quer ficar sozinha é afastá-la mais ainda... Muitas dúvidas, fui caminhando e sentindo a minha dor, minha melhor amiga e companheira. Acredito nela mais que em tudo nessa vida. Fui até a Avenida Pacaembu olhar o movimento, antes que escureça e eu, mulher, perca minha liberdade. Hoje é um dia daqueles em que eu desperto o olhar de todos os homens ao meu redor, menos daquele que eu amo. Como pode ser isso? Todos olham pra mim curiosos e desejantes, eu não tenho nada demais hoje, a não ser feromônios. Mas o meu amante amado está em outro mundo hoje, e eu não tenho o endereço. A Madonna aos meus ouvidos me dá mais um pouquinho de coragem. Sabe como é, centro de São
Paulo, um prédio de fachada escura e portas fechadas, você se pergunta o que tem lá dentro. Me imagino tocando a campainha, abre um cara de terno e eu pergunto: "você tem um emprego pra mim"? Queria ser a mulher com poucas, mas lindas roupas, cabelo feito e super desejada. Queria estar nesse mundo de vícios e música, mundo de dança de pouca roupa, muito corpo, mundo do sinistro, do meu Samael. Mas eu uso uma burca, e vendo o meu rosto. Escondo o que eu realmente gosto nesses dias, porque eu sinto muito medo. Na chuva de São Paulo não vejo solução a não ser voltar para casa. Vejo o vento vindo, trazendo uma chuva que cai me acariciando e uma pena de galinha voa pelo meu dedão do pé. Ninguém me espera. Quero comprar cigarros, mas eu não faço isso. Hoje é um daqueles dias em que eu faria tudo o que não faço. Eu não ando de moto, mas HOJE eu subiria na garupa de qualquer um, qualquer um que parasse e me convidasse. Hoje é um daqueles dias.

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