E essa noite, sonhei que estava em um avião, e que dizia para alguém que morria de pavor daqueles momentos enquanto está subindo, e quando vai descendo. Aqueles momentos que confundem o labirinto, nos deixando tontos.
sábado, junho 07, 2008
Gelatina
Eu renasci afastando gelatina vermelho-translúcido com as mãos. Eu que quis nascer. Ninguém me pariu. Me identifico com a criatura de Frankeinstein. Parece uma mistura ruim; gelatina de sangue, gelatina de carne, gelatina quente. Esqueça o sabor morango, o geladinho refrescante. Será que posso dizer que sou real, sabor natural? Ninguém me pariu, e depois, ninguém me parou. Estar parada no engarrafamento ouvindo o The Fragile. Batendo no volante, balançando a cabeça. Aquele sentimento acelerado, de quem está em primeira e não suporta, de quem quer pisar fundo, mas está presa ao trânsito. Pensando em como fico descompensada pensando em você. Aquele sentimento de ser impossível. Impossível ir pra frente, pra trás... Querendo descobrir a essência de um universo sem essência, querendo chegar próxima ao intangível. Querendo reformular um eu que está cansado de ser si mesmo e ser os outros. Separar a fórmula; água para um lado, pozinho vermelho para o outro, depois de misturado, depois de congelado, depois de pronto. Outro dia descobri um porquê; quanto mais rápido ocorre a transformação dos compostos em uma explosão, mais forte ela é. E eu, caros amigos, explosão atrás de explosão, semana sim-semana não, estou em pedaços porque minha composição muda tão rapidamente! Não há fundo, como o fundo do pote; não há chão para a fumaça que sobe. E o que é feito da fumaça que sobe?
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