quarta-feira, junho 25, 2008
Vezes perfeitas
"O corpo envelhece", pensei. "Por que não somos feitos de outro material, como plástico?" Mas depois, me dei conta que em outros materiais, alguns danos são para sempre. Imaginem o rosto de plástico em contato acidental com fogo ou ácido. Mas depois, percebi que nosso rosto também derreteria. Só que nossos machucados cicatrizam. E essa foi a pólvora da semana: a percepção de que nosso corpo se refaz. Não só as lagartixas possuem esse dom maravilhoso, nós também. E (quase) todas as nossas células se reconstituem. E isso não é maravilhoso? Eu achei. Toda a vida se renova, o tempo todo, e a gente nem percebe. Somos imortais, nesse sentido. A vida achou um jeito de fazer a alma viver mil vezes; o corpo morre, mas depois ele renasce. Quantas vezes for preciso. Quantas vezes forem perfeitas. Nossos pais morrem, mas vivem através de nós, das nossas células. A vida parece que começa e acaba, mas ela é um ciclo perpétuo. Achei isso tudo maravilhoso. Não tenho motivos para não ser feliz; o ser infeliz que havia, morreu. Hoje, sou alma em um corpo novo. Eu renasci.
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