sexta-feira, junho 20, 2008

Mais de um amor


Com relação ao amor, temos um problema de tradução que levou a um problema de idealização do amor e, por consequência, da sua prática. Falamos em amor e logo pensamos no amor "homem-mulher". Só há uma palavra para amor, mas existem vários tipos dele (fraterno, carnal, materno, incondicional, etc). E se existem vários tipos de amor, é muitíssimo provável que também existam várias formas de amar. E como expressar esses vários tipos de amor e as várias formas de amar nas culturas onde só existe uma palavra para amor? A paixão, mais um tipo de amar, fica parecendo uma rival, uma antagonista. Onde há paixão, não há amor. Mas como? É só mais uma forma de amar.


E isso leva a várias outras questões... Por que amor entre homem e mulher, se existe amor entre homem e homem, mulher e mulher, mulher/homem e criança, mulher/homem e grupo, mulher/homem e deus, etc?


Os gregos sabiam mais? Porque tinham várias formas/palavras para definir o amor, também tinham, explicitamente, mais formas de amar, que não restringiam o amor a um só papel social?

Qualquer visita à Wiki mostra que o amor pode ser Eros, Pragma, Philia, Storge, Agapé, etc.


Quanto mais maneiras de dizê-lo, mais existe a sua presença, mais a possibilidade de exercê-lo. E se alguém diz que me ama, a que forma de amor devo atribuir esse amor? Hoje eu pensei que o amor não existe, quando restringido. Que amor institucionalizado é amor morto. Que restringir o amor é um erro, um defeito nosso. Por isso tanta falta de amor na nossa sociedade, por nós mesmos e pelo próximo. Que a igreja teve um papel horrível na divulgação do amor através da bíblia. Mas aí percebi que existe vida dentro do vaso de planta, dentro do aquário, dentro dos apartamentos, dentro da cidade, dentro do planeta.


Ainda assim penso que restringir o amor é pecado. Mas não conseguimos conceber a idéia do amor livre, do amor incondicional, do amor por todos os seres por igual.


Ainda queremos eleger um único ser amado, como símbolo de todos os tipos de amores possíveis, e forçar a manifestação de todos os seus tipos em uma só pessoa, mesmo com todas as infinitas configurações existentes; fiquei triste. Por eu mesma, sabendo disso, não conseguir exercer o amor infinito, o amor livre, por todas as coisas, por todos os seres (mesmo aqueles que machucam intencionalmente), pelo sexo fora do casamento, pelos meus irmãos e irmãs, pelo diferente, pelas bênçãos e pelos cânceres.


O amor não pode ser restringido. O amor deve ser liberado. O amor por si próprio, o amor aos deuses, o amor à natureza, o amor pelas pessoas. Deve ser compartilhado. E como abrir nossas compotas cerebrais para receber todo esse amor que existe à nossa volta, quando estamos tão acostumados a nos fechar para ele?

3 comentários:

Anônimo disse...

Pois, é... me sinto involuída toda vez que esbarro com algumas incoerências entre o que PENSO, o que SINTO e o que FAÇO...

Essas 3 palavras parecem 3 seres diferentes.

Na maior parte do tempo quero ser a Martha que PENSA; porém muitas vezes me faz falta a Martha que SENTE; tem dias que amo e outros odeio a Martha que FAZ.

Unknown disse...

Misturando os conceitos (por que não?)

1 - "Amar a Deus sobre todas as coisas..."

2 - "Ama teu próximo como a ti mesmo..."

1+2 - Se preciso amar o próximo como a mim mesmo (e de fato, eu me amo!)e ao mesmo tempo amar a Deus mais que tudo, resta-me concluir uma coisa:

Eu sou Deus!

Estou um pouco confuso agora...

Anônimo disse...

Tb fiquei triste e emocionada, de verdade, do profundo de minha alma...
e, curioso, sei que isso também é amor.
bjos, linda... te mo muito!