terça-feira, novembro 04, 2008

Quadro negro de carne

Risca-se com a gilete, abrindo cortes dos quais se orgulha, escreve frases na própria pele que possam revelar o seu interior. Deixa sair a verdade da vida, que é o sangue, que faz dos desenhos esculpidos ensinamentos para quem quiser ver e aprender. Esculturas líquidas. Tudo o que é escrito no quadro negro de carne é escrito com sangue e, portanto, é escrito com verdade. A crueldade com a própria pele é sentida como um carinho na própria alma; a dor ameniza o tumulto e a raiva, e as mensagens são generosidades sem tamanho aos outros vivos. Basta ter olhos para apreciar não a forma das obras, mas a alma do artista. É preciso ser um bom observador para apreciar a complexidade das pessoas. É preciso ter a coragem de um leão para fazer do próprio corpo uma cartilha.

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