A mulher escarlate, donzela vermelha acordou. Leões e águias, fogo, terra, ar e água e um amor profundo. Segredos do universo foram compartilhados. O ovo foi finalmente chocado. Ela entendeu o casamento entre a Terra e o Sol que, sendo o pai sagrado, deu a ordem de criação que a mãe Terra acolheu. Dentre todos os planetas no sistema dessa estrela, foi apenas aqui que a vida floresceu. Um amor profundo, um prazer profundo, riso e dor. Estar vivo e a serviço do amor divino é tarefa árdua que preciso assumir sem preguiça, e sem mais delongas. Ser a Virgem que encontra a sua grandiosidade na própria insignificância. O tempo passa como sempre passou. O tempo e o Sol são eternos. Desde a primeira gota de existência nesse planeta eles existem, e existirão até os últimos momentos, se é que existe algo como "últimos momentos" pois, na Terra, o ciclo é eterno de vida e morte. A transformação garante a eternidade. A Terra não conhece o fim. O fogo sagrado fecundou o meu ventre e, por isso, me preparo para ir até o meu noivo. É uma vida inteira de preparos, o aperfeiçoamento da mulher noiva de Deus. Meu coração já foi tomado, o Sol, nosso pai, e só a ele pertenço. Sou a lua. Sou a donzela vermelha, a mulher escarlate. Possuo a pureza da criança, mas em meu ventre já existe sangue. Meu poder, dentro da taça. A imortalidade será concedida apenas ao cavalheiro que se entregar ao graal, cada gotícula de sangue que tiver, precisa ser depositada nessa taça. A mulher venerada como símbolo que carrega todos os segredos. A Terra, a mulher, que acolheu a ordem do Sol de criar. Ela dá as formas. Diante do fogo sagrado eu sorri, e depois do sorriso veio a gargalhada e o sorriso de lado de escárnio a todos os tolos presos em teorias. Podem ler todas as fórmulas do Universo que jamais entenderão, a não ser que se doem inteiramente. Mas quanto medo de se perder, quanto medo de perder o poder masculino de controle, ordem, ego. MEDO. Penso se é que existe algum cavalheiro vivo capaz de compreender a alquimia sagrada, que queira se unir ao feminino desejante de criar, à procura do instrumento de criação da vida. É na mulher escarlate que se encontra todo o poder dado. Apenas a mulher escarlate concede a imortalidade. Um homem sem a mulher escarlate jamais será um Rei. Pode ser, no máximo, um Hermitão, sozinho, mas jamais terá um reino.
terça-feira, junho 30, 2009
sábado, junho 06, 2009
Trégua?
Finalmente o tempo resolveu me dar uma trégua e esconder aquele sol brilhante antipático, se transformando em algo mais a ver com o meu humor do dia. Não é um dia-a-dia o meu, é uma vida-a-vida (acabei meu primeiro Clarice Lispector ontem). O humor do dia é um humor da semana, que vem se estendendo. O meu humor não é apenas o de uma mulher rejeitada. É o humor de todos os sofrimentos que as mulheres passaram pelos anos de existência no planeta Terra. Primeiro quando as sociedades deixaram de ser matriarcais e passaram a ser patriarcais, e a liberdade sexual das mulheres passou a ser completamente execrada pelos anos de história (pois se antes os conhecimentos eram passados das mães para os filhos, pouco importava quem era o pai). O que somos agora, senão um reflexo maldito disso tudo? Depois veio o cristianismo que partiu a mulher em duas: santa e prostituta, e que as duas não se encontrem. O Holocausto foi fichinha se comparado à Inquisição, séculos antes, e todo aquele caos esquizofrênico e neurótico em que a Europa se transformara, chamando de bruxas as mulheres que mantinham, secretamente, seus cultos às deusas (especialmente à Afrodite, claro) e queimando essas mulheres na fogueira. Entre os crimes praticados a fogueira era o mais leve, porque eles (os patriarcas cristãos) submetiam essas mulheres à humilhações e torturas sexuais antes de queimá-las (e só com fogo mesmo elas poderiam se limpar dessa podridão). Então a minha raiva e a minha angústia não são apenas de uma mulher que reflete o perfil de apenas uma deusa, mas sim de todas as deusas que vieram a ser renegadas por todos esses séculos. Milênios! Então, definitivamente, esses reflexos dourados não combinam com a minha personalidade lunar. Que venham os cabelos prateados, brancos, e que eu escureça as madeixas. Porque nas metades do mês em que desço ao Hades você não me parece um parceiro tão adequado para o meu amor, para toda essa força que tenho, não querendo ser um deus você mesmo e se eternizando como uma criancinha. Nas metades em que colho margaridas com Deméter, tudo está ok, porque é tão agradável o amor às crianças. Mas quando eu empurro as margaridas à vida, lá debaixo da terra, então percebo tudo de um ângulo diferente e, me parece, que você quer o cólo da mãe terra, um cobertor quente, enquanto eu sou a personificação do amor. Mesmo que agora eu seja puro ódio.
Como disse antes, ainda bem que o dia apagou aquele sol antipático e me trouxe nuvens cinzas. Digamos que seja um sacrifício ou uma transformação do amor para mim, a mim e A MIM! Se chover, eu vou pra rua. Uma cerveja à Deméter! Bebo em nome de Afrodite e Perséfone, deusas mais fortes em mim. Não sou uma feminista, só de raiva; sou uma feminina. Toda-toda; dos pés até a ponta do fio de todos os meus cabelos. Hoje eu só bebo em nome às mulheres porque é tudo o que eu sou e tudo o que posso ser.
Como disse antes, ainda bem que o dia apagou aquele sol antipático e me trouxe nuvens cinzas. Digamos que seja um sacrifício ou uma transformação do amor para mim, a mim e A MIM! Se chover, eu vou pra rua. Uma cerveja à Deméter! Bebo em nome de Afrodite e Perséfone, deusas mais fortes em mim. Não sou uma feminista, só de raiva; sou uma feminina. Toda-toda; dos pés até a ponta do fio de todos os meus cabelos. Hoje eu só bebo em nome às mulheres porque é tudo o que eu sou e tudo o que posso ser.
sexta-feira, junho 05, 2009
Xixi de groselha, xixi de groselha, nunca comi da frigideira antes, ovo mexido saindo fumaça. Eu caprichei no sal. Meia garrafa de vinho de ontem pra hoje. Sexta-feira de lua QUASE cheia. O cavaleiro é de pedra e, o castelo, de areia. Mas o xixi... eu já falei. Isso não é jeito de se começar uma história. Achei que poucas linhas bastariam mas eu gosto de falar pra caramba com os dedos, mais do que de qualquer outro jeito na vida, não consigo parar depois que começo, até pra São Paulo eu falo, até pra Goiânia, pra onde for, pra qualquer lugar, qualquer lugar fora de mim, dentro de mim. Isso não faz nenhum sentido e nada pouco importa. Fazer compras é doloroso, escolher é doloroso, saber é doloroso, prefiro a inércia mórbida (ou a morbidez inerte?)? -.-
Gosto de falar pra caramba com os dedos.soded
I wanna be sedated
I thought I wanted your love, now I don't know anymore
:).
is that a happy ending?
Acho que pode ser uma meia lua ou uma barriga de gravidez precedida por dois pontos e sucedida por um ponto final. só a idéia dessas coisas foi preciso para haver um ponto final. só em idéia você se relaciona com as pessoas, com as mulheres, só na sua cabeça elas todas existem, e eu. você só se relaciona comigo em idéia, só em idéia gosta de mim, só em idéia vem ficar comigo, só em idéia, mas não em imaginação, então lança a idéia e se aquieta com ela, mas eu preciso do algo mais... material. preciso das matérias: pegar, sentir, cheirar, provar. Sentir. Tato. Boca. Olhar. Tudo muito subjetivo-objetivo, mas tá tudo aí. É pegar ou largar, porque comigo é sempre oito ou oitenta. Infinito.
Gosto de falar pra caramba com os dedos.soded
I wanna be sedated
I thought I wanted your love, now I don't know anymore
:).
is that a happy ending?
Acho que pode ser uma meia lua ou uma barriga de gravidez precedida por dois pontos e sucedida por um ponto final. só a idéia dessas coisas foi preciso para haver um ponto final. só em idéia você se relaciona com as pessoas, com as mulheres, só na sua cabeça elas todas existem, e eu. você só se relaciona comigo em idéia, só em idéia gosta de mim, só em idéia vem ficar comigo, só em idéia, mas não em imaginação, então lança a idéia e se aquieta com ela, mas eu preciso do algo mais... material. preciso das matérias: pegar, sentir, cheirar, provar. Sentir. Tato. Boca. Olhar. Tudo muito subjetivo-objetivo, mas tá tudo aí. É pegar ou largar, porque comigo é sempre oito ou oitenta. Infinito.
quinta-feira, junho 04, 2009
Hare Krishna
Hare Krishna. Acendo um incenso em nome das pessoas que morreram no acidente da Air France. Coloco as mãos juntas, diante do peito, para me unificar antes, e passo a desejar que a ponta do incenso seja também uma ponta de esperança e acolhimento às famílias das vítimas, que tiveram pessoas queridas arrancadas de si com tanta brutalidade. Acredito em karma. Mesmo assim, só porque faz parte da experiência de vida dessas pessoas, não vejo por que não poder desejar igualmente que consigam passar pelas suas dificuldades da melhor forma que puderem, naquele momento. Não vejo como solidariedade possa ser apenas uma coisa de Cristo, nem como enviar amor seja interferir também nas vidas alheias, sendo contra Thelema. Só estou enviando um pouco da minha energia, do meu amor pela vida, e que as pessoas façam como quiserem ou o que puderem com isso.
Ontem, no metrô, naquela hora em que os vagões ficam lotados, entrou um pai com seu bebezinho no colo. Lógico que ele pôde se sentar. O bebê era muito bonitinho, e estava com os olhos e o nariz completamente vermelhos, o que chamou a atenção de todas as mulheres em volta. Impressionante de quanta energia uma criança dispõe e quanta energia dispende. O fluxo energético indo diretamente para a criança, pelo carinho que aquelas mulheres estavam enviando ao bebê, energia que envolve, energia de mãe -- das novas, das velhas, não importa; era uma coisa de instinto protetor -- por ele estar doentinho, foi muito forte. Enviei um pouco também, mais do que gostaria, pois eu tentei ter controle do afeto sobre aquela criaturinha, e não consegui impedir minha energia de sair (pensei, "pequeno vampirinho") mas, reparando, consegui frear no momento em que as outras mulheres enviavam, e procurava enviar nos momentos em que elas se distraíam. Mas... Eu sabia que elas não tinham notado nada disso. Estavam, apenas, hipnotizadas através do próprio instinto de mulher, com o bebê. Acho lindo quando o pai é cuidadoso assim com a sua cria e leva ao médico, sozinho, sem a mulher, ou leva para passear. Fico extremamente comovida. Pais que assumem o lado "nutritivo" junto com a mãe. Acho lindo. Desejo o mesmo para mim, e o mesmo destino aos meus.
"Hare Krishna, Hare Krishna,
Krishna, Krishna, Hare, Hare."
Ontem, ao chegar na faculdade, me deparei com um acidente. Um homem foi atropelado na saída de um 435 do ponto final, que fica na porta da minha faculdade. A ambulância da Samu já estava lá, e também os bombeiros, e aquele saco preto que cobre a vítima. Apesar de eu ter visto um tênis Adidas para fora do saco preto (que já foi mais do que eu desejaria ter visto), disseram que foi um senhor. É estranho entrar em contato direto com essas forças.
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