A mulher escarlate, donzela vermelha acordou. Leões e águias, fogo, terra, ar e água e um amor profundo. Segredos do universo foram compartilhados. O ovo foi finalmente chocado. Ela entendeu o casamento entre a Terra e o Sol que, sendo o pai sagrado, deu a ordem de criação que a mãe Terra acolheu. Dentre todos os planetas no sistema dessa estrela, foi apenas aqui que a vida floresceu. Um amor profundo, um prazer profundo, riso e dor. Estar vivo e a serviço do amor divino é tarefa árdua que preciso assumir sem preguiça, e sem mais delongas. Ser a Virgem que encontra a sua grandiosidade na própria insignificância. O tempo passa como sempre passou. O tempo e o Sol são eternos. Desde a primeira gota de existência nesse planeta eles existem, e existirão até os últimos momentos, se é que existe algo como "últimos momentos" pois, na Terra, o ciclo é eterno de vida e morte. A transformação garante a eternidade. A Terra não conhece o fim. O fogo sagrado fecundou o meu ventre e, por isso, me preparo para ir até o meu noivo. É uma vida inteira de preparos, o aperfeiçoamento da mulher noiva de Deus. Meu coração já foi tomado, o Sol, nosso pai, e só a ele pertenço. Sou a lua. Sou a donzela vermelha, a mulher escarlate. Possuo a pureza da criança, mas em meu ventre já existe sangue. Meu poder, dentro da taça. A imortalidade será concedida apenas ao cavalheiro que se entregar ao graal, cada gotícula de sangue que tiver, precisa ser depositada nessa taça. A mulher venerada como símbolo que carrega todos os segredos. A Terra, a mulher, que acolheu a ordem do Sol de criar. Ela dá as formas. Diante do fogo sagrado eu sorri, e depois do sorriso veio a gargalhada e o sorriso de lado de escárnio a todos os tolos presos em teorias. Podem ler todas as fórmulas do Universo que jamais entenderão, a não ser que se doem inteiramente. Mas quanto medo de se perder, quanto medo de perder o poder masculino de controle, ordem, ego. MEDO. Penso se é que existe algum cavalheiro vivo capaz de compreender a alquimia sagrada, que queira se unir ao feminino desejante de criar, à procura do instrumento de criação da vida. É na mulher escarlate que se encontra todo o poder dado. Apenas a mulher escarlate concede a imortalidade. Um homem sem a mulher escarlate jamais será um Rei. Pode ser, no máximo, um Hermitão, sozinho, mas jamais terá um reino.
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