Minha gata é a coisa mais amada. Enquanto isso, ela é mais bem tratada do que muita criança. Isso mexe comigo de uma forma incrível, mas eu aprendi a reprimir esses sentimentos, porque poderia ser uma pessoa mais feliz. Meus pais me ensinaram cedo que eu, sozinha, não poderia mudar um mundo inteiro, que eu deveria me preocupar apenas com os meus problemas.
Existem pessoas sofrendo mesmo, uma enorme dose de sofrimento. E eu tenho a minha vidinha. Será que a lei cármica é mesmo cada um pelo seu umbigo? Será que é melhor eu ficar fora de onde não sou chamada? Será que não há nada que eu possa fazer? Aí aceitei uma lei que é a lei do forte. Na lei do forte sobrevivem os sobreviventes, e evoluem os que vivem. Quem sobrevive precisa se preocupar com a subsistência, enquanto vivem os que podem. Só podem se preocupar com evolução as pessoas que não precisam se preocupar com sobrevivência. Nesse sentido, me preocupando com a minha própria evolução eu estaria ajudando um mundo inteiro de pessoas a evoluir. Eu, na minha vivência, escapando por pouco da sobrevivência.
Eu fico muito puta de uma parte da população mundial precisar sofrer. Eu sofro muito por este peso que não é meu. E pra onde vai isso, dentro de mim? Amidalites? Dores do estômago? Dores de cabeça?
As pessoas se isolam e acham fino não perguntarem sobre a vida íntima alheia. Enquanto isso, quebro as regras de polidez, pois quero saber quem é o semelhante que está ao meu lado. Como internalizou as experiências de infância, quem foi sua mãe, quem foi seu pai, quais foram seus traumas, suas histórias engraçadas. Eu me interesso por saber as histórias que as pessoas foram ensinadas a esconder. Mas eu quero saber. Eu não sou uma pessoa mais feliz por não saber o que acontece no resto do mundo. Eu não sou uma pessoa mais feliz por ignorar os processos alheios. Então, sim, a ignorânia é uma bênção, pois os ignorantes podem ser felizes. Mas aonde fica a felicidade para as pessoas que não ignoram?
E o que fazem essas pessoas com as coisas que sabem?
2 comentários:
"Eu me interesso por saber as histórias que as pessoas foram ensinadas a esconder"
eu tb. love my job.
=;o)
Que linda.
De onde viemos? Para onde vamos? Perguntas clichês, se formos observar pelos seus rótulos. Mas bem profundas. Também inúteis se aceitarmos o lugar onde estamos e confiarmos que estamos por algum motivo - inconsciente - mas que existe.
Então entra algo na questão: fé.
Fé é acreditar em algo que não se pode ver, nem pegar? Fé é notar o que os olhos não enxergam, o que os ouvidos não ouvem? Fé é um sexto sentido, o sentido interno que semeia e colhe sensações que não se sabe ao certo onde se dão o tempo todo?
Então tá, se é isso, é essa fé, essa mesma fé que me faz perguntar algumas coisas mal-educadas para as pessoas ao meu redor? Mal educadas? Como assim mal educadas?
Existe algo além de mim, dentro de mim, paralelo a mim... que me guia.
beijo!
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