sexta-feira, outubro 31, 2008

Objeto sujeito

Coisifique-me, me transforme em pedra, madeira, carvão, ouro, diamante ou planta. Me coloque na sua prateleira. Me transforme em lixo, reduza-me a cinzas. Julgue-me, olhe para mim de cima abaixo, meça o tamanho do meu nariz, da minha cabeça, olhos e orelhas. Olhe dentro da minha boca, examine os meus dentes. Me acaricie como se eu fosse seu animalzinho, faça eu rastejar e comer da sua mão. Me faça implorar por atenção, por um pouquinho do seu tempo. Dono da comida, que diz quando eu devo comer, quando eu devo dormir, quando eu devo existir.
Regule o ar que eu respiro, me lance um milhão de agonias, me traga estresse, faça meu coração bater em intervalos cada vez mais curtos. Me feche num quarto escuro. Me faça repetir todas as suas verdades, me faça entrar na sua pele seca e descascada e sentir as suas impressões de mundo. Faça eu calçar os seus sapatos apertados para correr quilômetros. Arranque os meus cílios para que eu não durma. Costure minhas pálpebras para que eu não veja nada. Amarre minha boca para que eu não reclame e prenda os meus braços para que eu não arranque cada pedacinho do seu corpo. Coisifique-me, me analise. Finja que somos todos desprovidos de emoções. Coloque tudo no seu contrato, e depois enfie no seu *.

Um comentário:

Unknown disse...

essa travou minha glote.
depois soltou num satisfeito - yeah!