domingo, fevereiro 08, 2009

artes plásticas

a manipulação de materiais... a escolha dos materiais... as obras em si, a expressão daquilo que o artista quer mostrar... eu nunca vi uma obra quente feita com vidro. eu nunca vi uma obra quente feita com chumbo. eu nunca vi uma obra quente feita com mármore. materiais frios, temperamento frio do artista? onde fica a expressão da alma, quando a arte reflete apenas a inteligência do seu criador? Que concepção estética e de vida tem um artista que trabalha com esses elementos lisos e límpidos? Que relações essa pessoa trava com o meio? A arte filosófica não é impessoal com relação ao objeto? Impessoalidade me lembra frieza. Mas também, não posso misturar artista e arte. Talvez, uma pessoa que trabalhe com materiais frios queira esconder o que sente. Se expressar através de outros meios, porque tenta suprimir as vozes do coração, e não quer se expor. Clarice Lispector disse que faz arte aquele que não sabe fazer a outra coisa... O que seria essa outra coisa? Pensei em amor. Para mim, arte tinha que vir do coração, mas estou aprendendo que não. Ela pode muito bem vir do intelecto também. E eu desvalorizo um pouco. Gosto mais do simples que vem do coração, do que do sofisticado que é frio. Calafrios. Escolho o arroz com feijão feitos no quintal do que o restaurante chique de comida francesa. Do que adianta esculpir em mármore uma cena de amor ou de sexo? Plástico sim, porém não vazio. Plástico, porém preenchido. Eu questiono. Música não pode ser uma arte plástica para os ouvidos? Eu destesto quando alguém diz que eu canto bem. Ok, mas eu tenho alma. Cantar bem não é envolver com a voz. Cantar bem não é ninar os seus fantasmas, e fazer você ficar bem com os próprios demônios. Cantar bem não é a minha alma. Cantar bem é apenas a parte plástica da minha arte. Espero que não seja apenas isso que você vê em mim.

Um comentário:

Anônimo disse...

hum, bem polêmico isso. talvez você tenha intuido algo correto: a escolha dos materiais tem a ver com a personalidade do artista. ou não, não dá pra julgar. mas eu também pensava que simplicidade fosse crucial para que uma arte fosse realmente arte, para que eu visse alma ali. mas é extremamente difícil ser simples. é por meio do complicado que conseguimos a simplicidade. é só ter os hai kais como exemplo. aquele da alice ruiz
" lembra o tempo que você sentia/ e sentir era a forma mais sábia de saber / e você nem sabia?" olha como isso é simples, como vem do coração! mas olha quanta coisa difícil tem aí. ritmo, sonoridade, os "esses", a brincadeira sábia/saber/sabia... tem intelecto pra caralho aí.