Eu conheço esse choro. Os olhos pretos ficam na almofada, rosa. Borrados, manchados, molhados. Choro de ontem, de anteontem, de todos os dias até hoje, choro que vem da infância, choro do passado e de algum dia no futuro também. Choro-faxina. Choro-vagina. Chora, menina! Chora tudo... Chora e vem comigo, explorar. Chora sem vergonha. Chora, sem-vergonha. Se envergonha, e chora. Chora. Xota. Xota. Bota para fora, enxota. Tudo molhado ao redor da almofada. Rosa cansado. Olhos inchados. Tá, tá usada sim. É, foi, se deixou ser usada assim. Não sabia o que era o amor! Não sabia que o amor era unicamente de si para si mesma; Achou que poderia vir dos pais, depois achou que podia vir do peito, depois achou que viria das irmãs que achou por aí (só para saber que jamais seriam amigas), depois dos namorados, ficou procurando o amor em todos os homens que passaram por sua vida e acabou aqui, ínfima, borrada, transbordante, íntima de si, estranha a tudo mais. Então chora. Chora. E vamos embora que amanhã tem vida.
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