segunda-feira, dezembro 25, 2006

Esqueça que eu sei que as coisas só acontecem quando têm que acontecer e que eu sei que só fica perto quem é pra ficar. Esqueça que eu sei que nada é por acaso e que tudo tem seu tempo. Esqueça o que eu quero a longo prazo para me concentrar no que faço agora, sendo que tudo o que eu quero encontra-se no futuro. Esqueça o que eu quero para me concentrar no que eu faço, agora, neste momento. Esqueça que este passo é importante para chegar lá e que eu vou subindo como quem não quer nada, mas que eu assusto as pessoas assim que eu abro a boca porque elas logo vêem que eu quero engolir tudo de uma vez, porque eu quero tudo. E o mundo não está aqui para eu o digerir. Nem para eu o dirigir. Aliás, é pretty much bem relativo que o mundo esteja aqui at all. I question... Está o mundo realmente aqui e eu estou nele? E se eu estou neste mundo ao qual eu não pertenço, onde estará o mundo ao qual eu pertenço e por que eu não estou nele, ainda? O quanto mais eu terei que não fazer, não falar, para conseguir chegar? Será que se chega a algum lugar? Por que o meu suor não conta? Por que a minha dor não conta, por que não conta também a minha alegria e o meu afeto? Será que eu sou mesmo quem todo mundo pensa que eu sou? Será que isso importa... E será que eu realmente sinto...

Eu não canto porra nenhuma, e não toco porra nenhuma e não escrevo porra nenhuma. Está todo mundo satisfeito? Não existe carreira, não existe barreira além de mim. Meu corpo. Meu físico. Minha mente que cria e destrói. E vocÊs acreditam ou não, compram ou não. Mas, ninguém pode me comprar, porque eu não estou à venda. Eu me dou. E o que é de graça, não pode ser bom. Ninguém quer; não pode ser bom. Todo mundo quer o que não pode ter. Isso todo mundo quer. Um destino diferente. Um ser especial. Tanto para ter a si próprio quanto ao próximo. Somos todos seres especiais, o que não nos faz especial de forma alguma. Somos todos repetidos em padrões e formas únicas, claro, mas que se misturam em repetições intermináveis de sempre o mesmo, mais do de sempre. Goela abaixo, goela abaixo, goela abaixo.

Quando ninguém mais puder me ter, então todos vão querer. Um pouco do meu tempo, mais um minuto da minha atenção, mais um comentário da minha genialidade. Observada 24 horas por dia, coisa mais chata que big brother. Você perde sua vida por ser especial. Não é melhor sempre ser só mais um normal, estudar, casar, trabalhar, ter filhos e morrer? Sem grandes mistérios para a sua vida.

Ser especial é escroto. Você está lá enquanto todos os outros estão aqui. VocÊ é sempre mencionado, mas não está nunca presente. Todos gostam de você, em teoria. Todos têm histórias pra contar, e ninguém consegue ficar em silêncio a cada novo passo que vocÊ dá, a cada olhar para a esquerda ou direita, sempre alguém acha que pode concordar ou discordar de você. Anonimato. É o melhor a fazer. Que ninguém me conheça, que ninguém saiba exatamente quem eu sou. Que eu permaneça essa incógnita e essa interrogação entre as pessoas. Um espaço em branco que cada um preenche de acordo com as suas necessidades e crenças. Pelo menos eu saí dos açougues da vida, já é uma evolução. Não ser mais um pedaço de carne. Agora eu sou um pensamento menos denso, menos profundo que um sonho. Sou um quase pensamento formado, daqueles bem interessantes que a gente perde quando se distrai com algo mais atraente. E eu vou me perdendo pela mente das pessoas, a mente das pessoas doentias pra quem eu me dou com tanto amor.

Pela chance de união eu despejo todo o meu sangue na sua taça, mas você cospe porque não entende que sangue é vida. Você simplesmente acha nojento. Mas algo em mim não escolhe a quem amar. Esse algo em mim simplesmente ama e pronto. E se você acha que isso é this and that, well, you can shove it up you ass, por assim dizer. Com amor. Sempre com amor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Por que tem de ser assim?
Por que ser especial é tão escroto?
Mas ser especial para quem?
A construção do especial deve ser íntima. Com o travesseiro e com o espelho. Não com o a luz do tablado...

Mas siga sempre pensando que você deve ser especial para alguém. Nem que seja só pra você.

Acho que é isso o que é ser inteira!

Beijo, Alex.
Beijo de Florboleta para Florboleta.