domingo, janeiro 14, 2007

As duas Vontades

Sempre há duas vontades em mim. Eu quero ir para dois lados opostos ao mesmo tempo, o que me deixa constantemente numa tensão interna. Uma perna e um braço para cada lado. Um rosto voltado para frente, em dúvida. Um peixes, um virgem. Um para fora, outro para dentro. Um para o mundo, outro para casa. Um para o sim e outro para o não. Em cada assunto em que o outro domina. Eu sou hétero e homo ao mesmo tempo. Quero um homem e uma mulher. Sou muito careta e certinha a cada droga e a cada escorregada que dou da linha reta. Eu tenho duas vontades opostas, sempre. Eu quero e eu não faço, ou eu faço e eu não quero. Porque os lados não concordam.
Que lado quase sempre vence? Não estaria eu privilegiando um lado e não o outro? E o que acontece com o lado que vem sendo menosprezado? Ou será o meu menosprezo pelo total da briga, que sou eu, a terceira coisa que sobra ou que resulta da soma ou subtração dos dois lados.

O lado esquerdo e o lado direito batalham. Discutem sempre. Cada um tem suas opiniões sobre cada passo. Por isso, enquanto um lado anda a 200km, o outro está com o freio de mão puxado e eu não consigo dar tudo de mim. Um lado acelera, mas o outro freia. Um lado quer, o outro teme. Um diz sim o tempo todo e o outro não o tempo todo. Para cada passo. Me adianta e me atrapalha. Já experimentei todas as situações sem nem sequer ir até elas. E todas as que já passaram parecem não ser acertadas. Sempre há algo faltando.
Sabe o que está faltando nas situações? Eu.

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