domingo, março 23, 2008

Cabeça desmontável

Ainda bem que meu som é desmontável; se está incomodando, tiro ele de um quarto e coloco em outro. Tudo é removível, menos a cabeça. Seria ótimo se quando a cabeça estivesse incomodando, eu pudesse retirá-la de um quarto para colocá-la em outro. (...) Escrita enigmática. (...)Se as pessoas que passam pelo corredor se incomodam com o barulho e fecham uma das portas, eu vou em frente e fecho a outra. Mas, fechada em um dos extremos, com o aparelho de som e suas notas, todos dentro do quadrado, troco com quem? O gato ronca. E quem disse que eu quero trocar? Por isso gatos são ótimos; estão sempre roncando. E eu estou sempre trocando de um extremo a outro. Em ambos os casos, os repetecos são os mesmos. O cd pula, arranhado. Mesma música over and over in repeat, arranhada. Minha metáfora pobre de vida para o hoje: "There's no love, no money, no thrill anymore". Sol em casa, na janela do meu quarto, sol de casa quatro, dia recluso para o estudo. Quatro dias estudando. Estudando minha cabeça. Assunto de família. Sendo perturbada por ela, a cabeça. Bom, não por ela em si, mas por suas reações aos outros, minha família. Quatro membros disfuncionais: dois braços e pernas, cada um querendo se mover por conta própria. Pai, mãe, filha e filho achando que são mais que meros membros disfuncionais de uma sociedade falida. Ainda vem avó e resolve discutir o meu humor no telefone com a mãe e achar que eu não estou entendendo tudo. Elas gostam de discutir sobre a minha vida. Acho isso uma perda de tempo completamente irritante. Tudo irrita hoje. Por que sol de casa quatro parece vermelho? Que associação entre vermelho e quatro é essa que faço? Não sei. Vontade de gritar: NAAAAAAAAAAAAAAAAAAAÃO SEEEEEEEEEEEEEEEIIIEEEEEEEEEEEÊ!!!!!! Vontade de assumir que não sei, de ser burrinha, ficar mesmo chupando o dedo enquanto os teóricos discutem. Sociologia. Amanhã tem prova. Ainda recebo email gigantesco em conteúdo do pai e respondo mais gorda ainda. O irmão viaja. Eu não sei me colocar no meio dessa confusão. E sei que todos os meus problemas vêm dela.

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