quinta-feira, outubro 22, 2009

I Crucify Myself

Como é horrível tentar pegar o pequeno peixe com as mãos e esmagá-lo. Como é horrível pedir todos os dias pela mesma coisa e, quando ela chega, a esmagamos como fizemos com o peixe que tentamos pegar. Como é horrível dar um passo e perceber que demos um passo a mais para aquilo que não tem mais volta. Como é horrível construir uma narrativa mental de coisas maravilhosas que nunca ocorrem, e como é horrível justamente o oposto de jamais sonhar, desejar, sentir falta. Como o viver é horroroso e como eu o amo! Como me rasgo inteira nessa tensão! Como é horrível se decepcionar consigo mesmo, frustrando as próprias expectativas! Como é terrível gerar nove meses de expectativa, vinte e nove anos de expectativa, e abortá-las em pouco tempo, e ser carregada pela cachoeira dos sonhos que subiam da mente para o nada que esperava transformar-se em algo, assim como se dá com todos os espíritos que esperam encarnar, descendo, bruscamente, despencando do caos de todas as possibilidades para o nada absoluto. Como é terrível essa ladainha. A beleza é a saída para a dor do viver, mas o que em um dia nos parece belo, parecendo uma saída para a finitude, em outro fica apenas horroroso pois nos damos conta da própria finitude. Finitude até dos sonhos, dos pensamentos, das vontades e até mesmo da dor.

Um comentário:

Drix Brites disse...

às vezes nã há realmente nada que console a efemeridade humana..