Era uma vez uma Taturana que tinha uma gentinha chamada ana. Elas eram muito amigas e brincavam sem parar. A Taturana amava muito a sua ana e fazia questão de deixá-la feliz. Porém, por mais que desse amor, uma cama quentinha, comida gostosa e brinquedinhos ao longo do dia, foi percebendo que, com o passar do tempo, a sua ana ficava mais triste.
Até que em uma manhã cinzenta a Taturana percebeu que a sua ana não estava mais lá. Foi minguando e minguando, até desaparecer? Não. A ana havia fugido. Queria muito procurar por outras gentinhas que eram possuídas por outros bichos. E encontrou, de fato, muitas gentinhas que tinham habilidades novas e diferentes por terem aprendido com seus donos.
Encontrou gentinhas que tinham aprendido a se pendurar pelo rabo e a pular de galho em galho, e com elas se divertiu muito. Encontrou gentinhas que sabiam fazer mel e com elas se deliciou. Foi conhecendo gentinhas que admirava, mas depois de um tempo que tentava aprender a desenvolver novas habilidades sem conseguir, passou a invejar todas aquelas habilidades que as outras tinham, e ela não. Ficou amiga de todas as gentinhas para ver se aprendia também; mas nada.
Invejava a habilidade das gentinhas que, com os pássaros, tinham aprendido a cantar; as gentinhas que com as cigarras, sapos e cobras, tinham aprendido a tocar e as gentinhas que eram velozes e fortes, enquanto ela, ela era apenas uma ana. Que triste sina para a ana! Ser uma gentinha de uma Taturana! Começava a sentir saudades de casa, pois percebia que o tempo estava passando e que nada de novo conseguia aprender com as gentinhas suas amigas. Começou a pensar que sua única amiga era, de fato, a Taturana!
Voltou para casa e encontrou a Taturana de braços abertos. Seu aquário de vidro, de onde pensou que nunca devia ter saído, estava lá. E ficou feliz de retornar, pois, apesar do seu tédio com a vida de ser a ana de uma Taturana, era aquele lugar a que pertencia. Ao entender o seu papel e a sua vida, entendeu que podia ser feliz com quem era. A ana de uma Taturana.
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