A voz ao ouvido era sua. Um aparelho celular no sonho, acho que você me ligou de lá do outro lado. Tempo de ligação limitado, tínhamos pouco tempo para conversar, mas tempo suficiente para nos falarmos. Perguntei se você estava bem, se tinha se machucado muito; você respondeu que sim, mas que tinha sido rápido e que agora já estava melhor.
Perguntei onde você estava morando e você disse que se mudou para uma rua que ficava mudando e que não tinha se adaptado ainda, que se perdia porque lá também não tinham números. Eu compreendi perfeitamente, como se fosse possível. Você disse que tinha conhecido um sujeitinho importante que também tinha morrido, um ator, e que ele estava te ajudando a se encontrar, porque estava mais adaptado ao lugar. Não lembro dizer que estava com saudades, mas lembro que era um mantra que se repetia dentro de mim. Desligamos, nos mandamos beijos como em todas as nossas conversas mais corriqueiras; só que nesses beijos estavam contidos os segredos do universo, todos os sentimentos reais, profundamente válidos e a inteireza que você queria, e eu senti meu amor percorrer a onda astral pra te alcançar e senti que o mesmo acontecia comigo.
Imagina como eu acordei hoje desse sonho. Da praia de pedras laranjas, do chão feito de pedras, da ilha de pedras que fazia uma caverna no centro onde não podíamos entrar por causa da água e das ondas que estouravam forte ao redor dela. O fundo da praia era também feito das mesmas pedras e eu contei para Aline e Diego que nós conversamos, no sonho mesmo, entre um berreiro e outro.
Perto pela voz, longe na distância. Perto do coração, mas longe em presença.
Não sei como pode ser possível 'perto e longe' ao mesmo tempo.
Um comentário:
Que sonho, hein? Mas eu entendo o que quer dizer com perto e longe, é quase como uma foto em p&b, em que às vezes vemos até as nuances entre um tom e outro, e numa só olhada, vemos os opostos se harmonizando e formando nossas sensação de alguma memória.
Passei aqui também para dizer que tem pique-parágrafo lá no meu blog pra você. Beijos, querida.
Postar um comentário