quarta-feira, janeiro 23, 2008

Quero dizer a deus

quero dizer a deus desculpas
agradeço o que mastigo e visto, mesmo que me desgrace
que pelo meio do meu corpo caminha deus
que pelo meio do meu corpo também anda o meio das minhas pernas
e eu acho que o prazer não mancha tanto quanto a dor e eu quero aproveitar
esse corpo antes das cinzas, antes do sangue...
quero dizer adeus a culpas
que na loucura há cura
desgraço o que mastigo e visto, mesmo que me agradeça
por escolher e sempre ter que escolher
t o d o d i a e s c o l h e r
(que não é permitido vegetar a quem não é vegetal
e nem é permitido atacar por quem não é animal)
o trapo com que me visto, a desgraça que mastigo, a culpa que me pesa
os passos dados pelas pernas que me carregam

a deus, todas as culpas. adeus às desculpas. a mim, leveza. é assim que quis deus.
é assim q ue quero eu.

então tá
ficamos combinados assim.

Um comentário:

Natacha disse...

meu!


eu escrevi algo muito parecido esses dias...
vou pegar a agenda, porque tá manuscrito. e vou transcrever:


adeus, deus.
não há mais juiz de fora que me possa julgar
e nem carcereiro que possa me prender
ou santo que possa me apontar.
ao meu lado, quero aqueles capazes de me perdoar.

com quem me calunia ou denuncia, nem me distraio: abstraio.

é de vida que sou sedenta, não de morte.
é pelo caminho que sigo atenta, e não pelo objetivo final.