terça-feira, dezembro 02, 2008

Conversa séria listrada

Hoje que eu parei em casa, me bateu aquele sentimento de vazio desesperado para consumir algo, e desesperador. É como se eu corresse dele, mas está amarrado ao meu pé e, toda vez que eu páro, ele bate em mim. TUM! O sentimento. Parece com um tédio profundo. E, talvez, seja o motivo pelo qual eu tenho vontade de beber todos os dias. "O que está acontecendo comigo?", eu pergunto em vão. Eu não sei o que está acontecendo comigo.

É uma coisa boa virar um ser único? Ser uma personalidade integrada? A Estrela central do nosso sistema é uma das poucas que não possui nenhuma companheira orbitando em volta. Quase todas as outras estrelas têm. Seria esse o carma da nossa existência nesse planeta, refletir uma estrela solitária? Ter que aprender a amar a nós mesmos, independente se as outras estrelas têm uma companheira? É a nossa sina ser um centro, um ponto único no Universo?

Me encontro incapacitada de sair e conquistar, pois não quero me inserir em nenhum tipo de padrão - and the Gods know this is crazy O.o! preestabelecido de sucesso. Ou qualquer outro. Estou quase fracassando para poder criar uma nova arte, feita através da linha da vida, a minha própria vida com as minhas marcas de alma, fora das obrigações de "conseguir". Analisando, carinhosamente, a forte possibilidade de "não ser tudo aquilo que sonharam para mim", nem "tudo aquilo que eu sempre sonhei ser".

A conversa listrada é aquela que não segue as linhas do caderno. Ela atravessa a página, porque está atravessada na garganta, indo contra a imposição das linhas preestabelecidas. O espaço destinado à escrita está lá, e eu querendo ter uma conversa séria comigo mesma, pensei que não podia obedecer aquilo. Até o caderno dita como devo conversar comigo mesma, se quiser escrever, preciso seguir os espacinhos que foram feitos para facilitar a minha vida, espacinhos que não foram pensados por mim, foram mastigados e entregues prontos. Padrões, que foram feitos para quê? Por que me incomodam tanto?

O que seria de mim se eu fosse uma listra como qualquer outra, impressa em qualquer uma das 323 páginas desse caderno? Imagina se meu destino fosse ser uma listra e NEM ASSIM eu conseguisse satisfazer alguém e completar o meu destino, porque bem na página em que eu estivesse impressa, uma pessoa com sono e sem vontades teria resolvido que, logo ali, na minha vez, não escreveria entre as linhas, mas sim, contra elas. Essa é bem a cara do meu destino. Ser uma das linhas dessa página fora de ordem, de alguém que resolveu escrever fora da linha. Fim para mim.

Um comentário:

Natacha Orestes disse...

Se você fosse uma linha de caderno, ainda assim seria adorável ler suas entrelinhas.