Cara, invasão de sorrisos... Que memória delícia que me invadiu! Cada detalhe, cada sensação daquela época dentro de mim. Aonde é que eu fui? Longe, anos atrás. 11 anos atrás. É uma série contínua de sorrisos que ainda não terminou, eu tive que me levantar para escrever! Já estava deitada, mas religuei o computador para fazer isso. Me invadiu, veio de uma pequena memória, todas as outras ligadas a essa, de uma época muito, mas muito boa da minha vida, mesmo apesar de todos os conflitos que eu tinha instaurados aos 15 anos de idade. Me lembrei do Gustavo. E de toda a história ao redor dele. O segundo Gustavo por quem fui apaixonada. Ele era guitarrista de uma banda de doom metal, cabeludo, claro, e tocava muuuuuito. E ele era muito sexy tocando guitarra, como o Jerry é hoje pra mim e ele mordia o lábio até sangrar (muito) e ele sempre fazia isso e eu, na minha fase vampiresca, adorava... Ficava olhando, encantada pela textura do sangue, louca para limpá-lo com a língua. Até que a gente ficou e ele mordia o lábio só pra mim. E eu adorava. E ele beijava delícia... E a gente se beijava com sangue. Era lindo. Minha fase vampiresca... E ele mordia meu pescoço até ficar roxo e eu adorava ir pro colégio toda marcada de dentes (hi hi hi), e eu ficava mexendo o pescoço devagarinho de um lado pro outro só pra doer mais e eu me lembrar dele. O Witchery estava apenas começando, mas estávamos na parte mais gostosa, quando só curtíamos as músicas e os amigos nos show e nós fazíamos shows cheios! E ele estava sempre por perto, com o pessoal da banda dele, se fazendo de mau, de inatingível. Ele também era confuso... Comment moi. E ele tinha várias fãs, e eu detestava todas elas, mas as minhas amigas da banda arranjavam apelidos ridículos para elas, e isso me fazia sentir muito bem. As bruxinhas do Witchery. Uma vez, fui com ele e os amigos para Marechal Hermes (eu acho) de ônibus ver um show da banda deles... Dying Flowers. E era o cú do Judas, mas tudo era mágico... Eu nem me lembro se o show era mesmo deles ou de alguma banda amiga e nem me lembro se teve show. rs Era mágico gostar dele. Era mágico fazer parte daquele grupo doom. Era mágico só sair à noite, com a brisa fresca no rosto e a luz da lua. Era TUDO mágico. Era dark. Era romântico e era perfeito. Ao final de uma semana insuportável de brigas com a dona Tania, ele me chamou pra ir pra casa do pai dele em Campo Grande. E eu fugi de casa pra ir com ele! Cadê Alexandra? Nenhum sinal de vida. Minha mãe ficou louca atrás de mim. Até que ela me achou. Acho que ela percebeu que não tinha nenhum controle sobre mim, e isso a deixava louca. Nossa, eu dei trabalho! Mas meus pais achavam que eu dava muito mais trabalho do que eu de fato dava... E nossa, aquela viagem foi muito legal. rs
Eu me senti livre, independente. Dormimos no mesmo quarto, mas em camas separadas. Acordávamos e lá estava o pai dele, preparando caipirrrrrinhas. Não tínhamos hora ou controle. Pudemos relaxar e mesmo assim, nada aconteceu! Tinha sol. Tinha música. Tinha o Gustavo e tinham as caipirrrrrrrinhas. Campo Grande nunca foi um lugar mais lindo! A gente ficou e talz, mas eu queria ter ficado bem mais do que eu fiquei. Era tão engraçado! Toda vez que começava a ficar maneiro, ele parava tudo e entrava numa nóia, repetindo: "não, eu não vou tirar a sua virgindade..." Eu acho que ele poderia ter tentado, ao menos. Mas acho que eu não teria deixado, porque eu não tinha certeza se ele gostava de mim. Acabou que eu perdi a virgindade pra um outro garoto que eu tinha certeza que gostava de mim, mas eu não tinha certeza se eu gostava dele. Eu comecei a namorar com ele pra esquecer o Gustavo, que era geminiano e não se decidia nunca! Ótimo negócio, eu fiz... Trocar gÊmeos, que não se decide nunca por libra, que fica sempre em cima do muro... rs rs rs E acabou que nem foi maneira a perda da minha virgindade. Mas eu gostei muito do libriano, só que nossa história não foi tão feliz. Vida sexual trouxe a perda da minha inocência. Acho que foi aí que nasceu a Perséfone. Até então, só havia Koré, feliz, alegre e curiosa. De repente então, Gustavo até foi super legal, me poupando de mais dor e sofrimento, já que ele devia imaginar o que estaria por vir caso ele se decidisse. rs
Acho que eu teria me divertido muito mais se tivesse acontecido naquele final de semana, que foi completamente fora da minha rotina, completamente heavy metal (Blind Guardian e Savatage foram os mais cotados), feliz e contente pelas caipirrrrrrrinhas e outras coisitchas. Ele pulou comigo na piscina! Que coisa doida... Nem meus namorados mais apaixonados fizeram isso comigo! Eu fiquei muito "puta". rs Até parece... Adorei ele ter pulado comigo no colo dentro da piscina... Achei super romântico. Eu sei lá porque ele fez aquilo... Efeito das caipirrrrrrinhas, talvez... Será que ele ainda mora no mesmo lugar? Uns anos atrás encontrei com ele na rua e ele gostou do meu cabelo, disse que eu estava bonita. Mas eu fico mais bonita a cada ano. E ele é um talento como eu, wasted. Deve estar tocando guitarra por aí, desperdiçando talento, fazendo outra coisa profissionalmente. Comment moi. Mas todas as sensações de sair de madrugada, quando sair de madrugada era um mistério, me invadiram. E todas as sensações de estar fazendo o que era escuro e proibido me invadiram, com as memórias sobre o Gustavo. Eu nem sabia que eu podia lembrar de coisas tão legais assim! Porque mesmo nunca tendo namorado com ele, e olha que eu tentei, foi uma experiência muito divertida. Mesmo que na época eu tenha ficado um pouco triste. Eu ainda tinha pela frente toda aquela perspectiva de que se não fosse ele, seria outro melhor. Agora não vejo mais assim. Melhor e pior não existe. Mágica também, não existe mais na prática, aqui, tão perto. Virando a esquina. A alguns quarteirões. Mágica agora está bem longe, somente nos meus sonhos. Mas hoje eu vou dormir bem. Bons sonhos. Boa época. Boas lembranças.