quinta-feira, abril 12, 2007

Contra-fluxo

Estou no repuxo, no contra-fluxo. Sempre soube que era forte, mas nunca que precisaria enfrentar, sozinha, multidões. Não é teimosia nem rebeldia. Eu não estou errada só porque vou no sentido contrário, e foi duro aprender isso. Todos fazem questão de lhe dizer que você está errada, mas não se deixe enganar! Confie nos instintos, eles sempre falam a verdade. E não siga a multidão. Ela é cega e não sabe a quem seguir.
É tanto assim o poder que se encontra em minhas mãos? Adoro a força e a aspereza, elas são minhas aliadas.

Ofender pessoas platônicas com palavras é fácil; tudo acontece no plano mental. Mas quero me ver proferindo as mesmas palavras ao vivo! Todas as pessoas são planos mal feitos e, em alguns pontos, desconstruídos. Não se exaspere ao perceber, em meio a tanta coragem, um quê de covardia. É normal.

Aqui estou eu, achando que escrevo para o nada, achando que minhas palavras ecoam no vazio e que nenhuma cólera poderá ser gerada em mais ninguém, apenas expurgada de mim. Trato as palavras com mais carinho que trato as pessoas. Talvez porque goste mais das palavras do que das pessoas, e tenha daquelas mais cumplicidade. Filha de Zeus, nascida da cabeça dele, tenho o vêio forte da palavra. "Usar para um bem produtivo." Aqui estou eu, criando, mas às vezes, me esvaziando. Nesse esvaziamento ocorre o perigo para as pessoas que me cercam. Certamente se encontram nas entrelinhas.

O dom do chicote na língua; você não vai me ver, você vai escutar de mim. Calmamente, quando a hora for propícia e os ventos me soprarem o que querem que eu escreva. Eles cochicham em meus ouvidos a melodia alfabética que está de acordo com o meu coração.

Adoro a força e a aspereza, elas são minhas aliadas. Mas espero um dia conseguir fazer brotar amor e justiça das minhas palavras. Que elas sirvam como uma brisa úmida e quente nos ouvidos de quem amo.

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