Era uma pessoa certinha. A sua grande rebeldia contra o mundo era sair de casa sem arrumar a cama. Quando sentia-se muito doida, deixava ainda roupas emboladas na cadeira. Considerava-se uma pessoa aberta, e quando não se interessava pelas pessoas que tentavam conquistá-la, tinha grande consideração em telefonar para dizer os motivos pelos quais não continuaria a conversa. Detestava não amar o próximo, então não ignorava ninguém. Mandava emails explicando suas atitudes, se justificava ao mundo pela sua existência quadradinha. Suas regrinhas eram vestidas de verdades. Era preto no branco dizer as coisas como realmente eram, se fato não fosse de que ela, ao fazer tais exposições, mandava mensagens completamente opostas às que queria. A ‘quadradice’ gerou um código de conduta desconhecido pela maioria, e ela então sofria por incompreensão do meio social. O tiro sempre saía pela culatra, passava por maluca quase sempre e não entendia por que, já que era tão certinha. Não durava muito em grupos porque logo descobria que suas regras não podiam se adaptar à diversidade do meio, mas também não conseguia funcionar sem elas, então ficava segmentada. Apart-aid de si mesma. Alguns caminhos eram apenas trilhados pelo lado branco do seu ser e outros pelo lado negro.
Era a única pessoa que sabia conhecer todas as próprias loucuras e as tinha engarrafadas numa estante, com rótulos e posologia: “usar em caso de...”.
É claro que se sabia louca... Mas era uma loucura bem justificada, bem estruturada entre os porquês. Tinha espaço dentro de si até para o inesperado e hoje em dia até já conseguia se divertir com as surpresas da vida. Estava tendo um momento sublime de viver, se deleitando até nos imprevistos que atingiam o seu dia-a-dia. Aprendeu que não querer ter controle sobre as situações é ter controle de tudo. Conseguiu rotular a liberdade dentro de uma garrafinha. Como a liberdade estava na estante com outros frascos guardados preciosamente, quase não a usava na rua. Apenas dentro de casa, apenas dentro de si mesma ia bem longe. Roupas emboladas na cadeira do quarto, cama desarrumada, sair sem pensar em que roupa vestir, esquecer de levar as coisas que ia precisar durante o dia... A contravenção estava tomando conta do seu ser. Sentia-se bem por estar bagunçada, encontrava uma certa paz em deixar as loucuras na estante e a bagunça na vida. Olhava para o buraco no peito e ria com ele, via através do buraco a cara de espanto das pessoas na rua. Gostava que as pessoas vissem seu coração e costelas. A única garrafinha que estava levando na bolsa agora era a da loucura. No ponto de ônibus, abria o frasco para se perfumar e começava a dançar enquanto esperava. Dançava como se filmada para um vídeo clipe. Caminhava como se o coração ditasse um ritmo. Questionava, no entanto, por que precisava cavar um buraco no peito para que as pessoas vissem seu coração e se valia à pena machucar a si mesma para mostrar a sua verdade aos outros. Não entendia por que as pessoas não conseguiam se ver através dos seus buracos, e ela cruzava com muitas pessoas esburacadas pela rua, agora que usava o seu frasquinho da loucura via muitas coisas. Via-se completamente nua diante do espelho. Estava do avesso. Saiu na rua até com uma blusa que já tinha usado e estava meio amassadinha! E não estava levando nem escova de dentes... E não se importava com isso, apenas ria da sua rebeldia.
Era a única pessoa que sabia conhecer todas as próprias loucuras e as tinha engarrafadas numa estante, com rótulos e posologia: “usar em caso de...”.
É claro que se sabia louca... Mas era uma loucura bem justificada, bem estruturada entre os porquês. Tinha espaço dentro de si até para o inesperado e hoje em dia até já conseguia se divertir com as surpresas da vida. Estava tendo um momento sublime de viver, se deleitando até nos imprevistos que atingiam o seu dia-a-dia. Aprendeu que não querer ter controle sobre as situações é ter controle de tudo. Conseguiu rotular a liberdade dentro de uma garrafinha. Como a liberdade estava na estante com outros frascos guardados preciosamente, quase não a usava na rua. Apenas dentro de casa, apenas dentro de si mesma ia bem longe. Roupas emboladas na cadeira do quarto, cama desarrumada, sair sem pensar em que roupa vestir, esquecer de levar as coisas que ia precisar durante o dia... A contravenção estava tomando conta do seu ser. Sentia-se bem por estar bagunçada, encontrava uma certa paz em deixar as loucuras na estante e a bagunça na vida. Olhava para o buraco no peito e ria com ele, via através do buraco a cara de espanto das pessoas na rua. Gostava que as pessoas vissem seu coração e costelas. A única garrafinha que estava levando na bolsa agora era a da loucura. No ponto de ônibus, abria o frasco para se perfumar e começava a dançar enquanto esperava. Dançava como se filmada para um vídeo clipe. Caminhava como se o coração ditasse um ritmo. Questionava, no entanto, por que precisava cavar um buraco no peito para que as pessoas vissem seu coração e se valia à pena machucar a si mesma para mostrar a sua verdade aos outros. Não entendia por que as pessoas não conseguiam se ver através dos seus buracos, e ela cruzava com muitas pessoas esburacadas pela rua, agora que usava o seu frasquinho da loucura via muitas coisas. Via-se completamente nua diante do espelho. Estava do avesso. Saiu na rua até com uma blusa que já tinha usado e estava meio amassadinha! E não estava levando nem escova de dentes... E não se importava com isso, apenas ria da sua rebeldia.
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