terça-feira, julho 24, 2007

Caos planejado

A proposta do universo para quando eu nasci foi exatamente essa: um caos organizado, planejado. Ser moderada em todas as coisas, inclusive na moderação. Ser o preto, o branco, o cinza e todas as cores de todas as escalas no intermédio. Ser a mulher que seduz o homem casado e a que é traída. Ser o macho e a fêmea, ser o homem de família e o general, ser os enamorados. Ser os dois pilares do templo, as duas crianças gêmeas que vigiam e protegem a constante cópula que se dá dentro de mim para que o meu seja um universo criativo, ser o fogo e a água, ser prazer e dor, ser criação e castração.

Queria não sofrer algumas interferências, como por exemplo, fazer uma guerra para conquistar a paz. Matar para poder viver. Mas acontece. I need to learn to let it go. E preciso aprender a perdoar os derrapes.

Não ser extremista, sabe? Não comer vaca todos os dias, mas também não virar vegan. Não beber coca-cola sempre, mas também não parar de beber coca, café. Bebe-se coca e café de um lado e fuma-se maconha e come-se chocolate do outro. O que quero dizer... Acelera-se o organismo e pisamos no freio, caminhamos por trombadas. As pessoas trepam para sair da depressão, mas isso não funciona para mim. O prazer do sexo me confunde nos planos de interações afetivas e esvazia minha alma, pois na relação não há troca, só há um dar e receber separadamente. O que resta depois do gozo é que me dá prazer como resultado do sexo e, quase sempre, o resultado é zero.

Para fora de mim é o caos. Dentro de mim existe um compartimento onde coloco cada detalhezinho interpretado e sentido. Por isso a exposição de mim é algo completamente diferente do que eu sinto dentro, que é essa completa resposabilidade sobre mim mesma e sobre os meus. O entendimento sobre causas e consequências e a constante pesquisa em observação sobre os mesmos.

Meu sono não acontece, eu não durmo. São todas as coisas ao mesmo tempo querendo acontecer. Mesmo dormindo, eu quero continuar em movimento. Preciso lembrar que é uma coisa de cada vez. Eu só poderia caminhar com os dois pés juntos se fosse coelho ou sapo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não tinha pensado nisso: anda-se com uma perna de cada vez, e cada vez nos inclinamos para um lado... vou me lembrar disso quando precisar tomar posiçõs absolutas demais.

Um grande beijo!

Natacha disse...

Menina, vou te contar uma coisa que aconteceu comigo ontem à noite, durante a madrugada. As circunstâncias depois eu digo, mas resumidamente é o seguinte. Estava eu despejando minha vida em forma de literatura para o papel, quando tudo mudou e o meu eu lírico muda. Isso foi uma interferência de outra consciência em mim. Entende? Foi mediúnico. "Casa 12" total, como você diz...

Olha o que eu comecei escrevendo:

Eu não sei quem sou eu por completo. Quando tomo decisões para a eternidade, lido com a flexibilidade que reside e resiste em mim.
Ainda sou incapaz de tomar decisões de para sempre. Decisões de nunca mais talvez sejam um erro, justamente porque eu não faço idéia do dia de amanhã.
É como se a negacão não existisse para mim, senão de uma forma bem passageira.
Quem sou eu? Se ao menos soubesse responder todas as experiências pelas quais já passei e que estão adormecidas na minha mente… mas se eu soubesse por inteiro de todo o meu passado, nnao seria Impossível não adivinhar o meu futuro?
Eu existo em ciclos muito mais intensos que os da carne, e a carne me prende. Eu sou, em toda a extensão do meu ser, alguém que em algum lugar do tempo e do espaço já viveu o que ainda vai viver amanhã. Porque eu consigo ir ao futuro e voltar, ir ao passado e voltar, o tempo é um só.
Não me compreendo bem. Eu sou bem maior que eu. Tenho acesso a apenas uma parte de mim.
Ma sir ao futuro contradiz a idéia de que não sei do dia de amanhã. Engano. Eu vou ao futuro mas não me recordo dele. A lembrança do futuro é uma intuição. Algumas vezes tão intensa que vira dèja vu.


E então eu comecei a escrever muito mais rápido, trocando o eu lírico, e dando respostas:

Pense em deus. Em uma luz que entra neste quarto e ilumina a tudo. Pense nesta luz dentro de você. Do seu coração. Imagine o quanto tempo a gente perde dentro da sombra. Por quê? Se podemos criar a luz e dentro dela nos mover?
Viver na sombra não é bem um erro. O erro é saber que certos atos dóem depois, e continuar sob as algemas do costume.
Vê, como o clima é outro. Você é luz. Eu te conheço, você é você. Não chegou ainda o momento de todas as respostas. Afinal, para que serveria a vida se tivéssemos todas as respostas?
Contente-se com as que você consegue. Você tem capacidade de raciocínio. Sabe chegar a boas conclusões, mesmo quando demora. Por isso confiamos em você e no seu crescimento.
Você não nos decepciona, nós te amamos do jeito que é.
Claro que queremos ver você crescendo e cumprindo as tarefas que prometeu realizar aí. Mas como você mesma pensa e sabe, ainda é nova e muitas das suas memórias estão adormecidas. Ainda vai cair em alguns erros. Que não passam de erros, não os aumente, não se culpe.
Aprenda a se amar e a se sentir amada apesar de e ainda mais porque você é um ser humano ainda falho procurando um caminho. É uma pessoa cega que já viu a luz, e procura a cura.
O desespero não leva ninguém a lugar nenhum. Jamais se esqueça de que sozinha você não está. Mesmo quando se sente.
Seja senhora dos seus atos. Permita-se errar, mas siga a sua intuição. Calar a sua voz interior que te avisa sobre os danos dos atos que te prejudicam só é pior para você mesma e para as pessoas que mais ama.
Tudo tem o seu tempo. Não tente acelerá-lo. Mas não pare nele. Um pouco de inquietação é necessário para o progresso. Mas seja saudável. Mantenha-se firme no que acredita porque estamos com você.
Carinhosamente, alguns amigos do plano espiritual. Venha conosco. Você terá uma noite de paz.


Interessante, né, florzinha?!