domingo, agosto 23, 2009

O cheiro do outro

A parte animal
Com todas as pessoas, em todos os relacionamentos, em todos os encontros nós, humanos, buscamos um par. Não é uma patologia nem algo que devemos reprimir, esses pensamentos de uma possível união com cada um que encontramos é simplesmente a nossa parte animal falando. Devemos deixar o pensamento ir da mesma forma como veio, naturalmente. É apenas natural.
O que une então, dois seres humanos, quando duas pessoas se encontram e acham que "se acharam"? Muitas outras coisas. Talvez um somatório de identidades: pensamentos afins, combinação química, atração visual, intelectual, etc. Mas todos por quem nos sentimos atraídos são pares sexuais? Não mesmo. É que as pessoas empurram a excitação e o tesão para a virilha. Gostam de conversar com alguém, e empurram esse gostar para a virilha. Acham alguém bonito, empurram a sensação para a virilha. Nós somos viciados em sentir com a virilha, embora todos os sentimentos, na virilha, fiquem bem desconfortáveis. A respiração ajuda o prazer a circular, porque o prazer preso na virilha enlouquece; aliás, o prazer preso enlouquece. O prazer precisa circular pelo corpo TODO. Prazer nos olhos, no nariz, na boca, na pele, no cabelo, nos pés, na barriga, na espinha dorsal... Em todos os lugares. O prazer é seu e é para você senti-lo; não precisa entendê-lo como um tesão que precisa ser expresso sexualmente. O tesão pode ser expresso por um abraço, por uma troca intelectual, duas pessoas conversando sobre um mesmo livro, ou sobre uma pintura que gostam, ou sobre animais, ou sobre alimentação, ou sobre o diabo a quatro. Existem tantas pessoas quanto existem interesses e vamos nos identificar com muitas pessoas ao longo do caminho. Imagina o que acontece se acharmos que TODOS são possíveis parceiros sexuais.
Acontece que ficaríamos completamente perdidos, achando que não conseguimos escolher; acontece que todas as relações virariam paranóia pura, acontece que talvez não conseguíssemos nos relacionar, achando que estaríamos traindo aquele outro, por sentirmos um tesão enjaulado e secreto por ele. Mas não precisamos nos maltratar assim; isso é natural. É que não aprendemos como amar na escola e nem aprendemos que é normal sentir prazer no outro e que esse prazer chama-se tesão. Aprendemos que amor e tesão andam separados e que o tesão é sempre piru-xoxota, quando isso não é verdade. Amor e tesão são a própria vida e não podemos reprimir a vida, ela precisa brotar. E é preciso que entendamos isso para poder então, com maestria, saber quem é realmente um parceiro sexual de quem não é. (Por que e para quê? É essa a pergunta? Por que não sair transando com todas as pessoas com quem nos identificamos? -- Apenas porque não somos animais puramente. E a sociedade anda doente, sexualmente doente, doente em comportamento. Apenas porque devemos frear os comportamentos automáticos e instintivos e nos perguntar: o que eu estou fazendo? por que estou fazendo isso? Porque foi para isso que ganhamos consciência.)

Um comentário:

Na Rua disse...

As pessoas não sabem amar.
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