terça-feira, maio 05, 2009

Aceite o sacrifício do meu corpo

Difícil acostumar com a idéia de finitude. Talvez essa seja a maior lição dessa época de Saturno. Não é o peso das cobranças e das responsabilidades, não é o aumento de demandas e de carga horária produtiva, mas a falta de esperança com relação ao infinito. Existe uma percepção visceral de que o infinito não é alcansável, e que talvez eu não tenha tantas escolhas assim na vida, nem tantas opções de mudança, já que eu não consigo sair das minhas próprias limitações emocionais (que são: não conseguir ignorar, não conseguir fugir, não conseguir abstrair do que sinto). O fato de precisar entrar a fundo nos processos, me doer, entender, mastigar, aprender, tirar algo de bom disso tudo. Aprender a dor, aprender o difícil, aprender o fogo, aprender a me aceitar assim, intensa, cheia de paixão, tanto para doar ao outro quanto para destruí-lo. Evito, porque sei que quando mato também morro. Mas... Como manda o livro da lei, os acertarei num golpe rápido e violento. Eleguá me emprestou sua língua. E, que o outro seja um rei para que eu não possa feri-lo. Tantos que eu gostaria de ter destruído, mas que só engoli. Cronos e pedras; sapos e nós. Nós: pronome pessoal do caso reto e também substantivo masculino. Ambos no plural. É a primeira pessoa do plural... Nós não demos aos mãos, demos nós. E eu, dei a mim mesma: mente, corpo, coração. Fui uma mulher feral; selvagem e domesticada, depois selvagem de novo. Capenga, rasgada, sem um pedaço agora. A caminho da caverna para curar as feridas.
Diz que eu não sou de escorpião agora. Qualquer pessoa que tenha me escutado na última década... A dor no peito é um detalhe, o sangue é só um detalhe no cosmos. Mas é todo o infinito que eu consigo alcançar. Para dentro, e abaixo. Presa, dentro do meu próprio corpo. Submetida por vontade própria; escolhi a limitação. Escolhi?


2 comentários:

Nelber disse...

Adorei o blog, muito bem escrito e está a sua cara. Beijos!!!

d.ID.e disse...

Someone is in desperate need of some covergirl cosmetics... easy, breezy, beautiful...

go back to the cave and put on some make up. it's contemporaneity.