Submissão imposta -- os valores do coletivo que tentaram matar minha alma de mulher.
A parte selvagem de mim que tem como natureza amar é o mesmo bicho selvagem que rosna e uiva para a lua cheia, quando ferido. É o bicho curioso que, por ignorância, se deixou ser capturado. Sem esperanças, a jaula passou a ser a única companhia, e por isso, aprendi a comer quando colocassem comida, e a somente pedir por água quando muito sedenta. Resignação. A parte domada aprendeu a comportar, devido aos chicotes e gritos, e é claro, à falta de alimento. Mas cada dia a fome da alma era maior, e nenhuma água saciava minha sede. Um dia a lua vermelha lançou os seus raios para reunir os seus filhos, e me libertou abrindo a porta da jaula. CORRA. E aviso: corra.
Submissão por vontade -- distorção da força instintiva de mulher loba. A mulher feral.
Eu me arrumei para você, você gostou? Está gostando da comida, quer mais um pouco de vinho? Você está cansado, quer uma massagem? Ah é, você gosta de apertar com força a minha boca? Que engraçado! Pode apertar, só tente não tirar sangue, pois como irei beijá-lo depois? Chega, já está doendo... Tá bom, só mais um pouquinho. Venha, deite aqui, deixe-me esfregar os seus pés. Amor, quer mudar de travesseiro? Não? Assim está bom? Que bom. Sim, a sua vida é deveras interessante. Nossa, como você é inteligente! Amor, eu te amo. Adoro viver com você.
[Por favor -- me ama. Fica comigo. Só mais um pouquinho, só por mais um dia, só mais uma hora. Não me importo que você não se importe comigo, me chute um pouco mais, pode me bater. Eu te perdôo se você desaparecer por dias. Eu juro que amo você. Não ligo pras suas amigas, pode sair com elas sem me avisar. Eu preciso de você. Faço o que você quiser, mas fica comigo. Diga o que quiser; mas fica. Desconte em mim a sua raiva, sua impotência. Pode caminhar em mim com os seus pés calçados: eu não ligo. Mas fica comigo.]
Um comentário:
caramba!
foi difícil ler isso. engoli a seco.
Postar um comentário