Odé era dono das matas, e um dia se enfureceu porque as águas de Oxum teimavam em invadir o seu reinado. Mesmo Oxum argumentando que suas águas eram necessárias aos animais e à vida da floresta, Odé não quis saber. Recorreu a Olorun, que resolver separar bruscamente os dois reinos. Com o tempo, a mata que antes era verde e exuberante foi ficando seca e definhando, a terra não era mais fértil e os animais não tinham de comer, nem de beber. Oxum sentia-se muito solitária, mas não intercedia na decisão de Odé, e era confortada por seus filhos, os peixes. Mesmo assim, Odé não deu o braço a torcer; teimou que conseguiria alimento em outro lugar para dar aos seres do seu reino, mas sempre encontrava o mesmo cenário desolador. A floresta estava morrendo, e Olorun explicou a Odé que ele precisaria se reconciliar com Oxum. Então, Odé colocou seu orgulho de lado e foi procurá-la. Mas, antes de aceitar, ela precisava que ele reconhecesse as suas qualidades, e precisava que ele se desculpasse. E ele o fez, e então, da união e reconciliação dos dois, nasceu o príncipe Logun-Edé, a margem dos rios.
Oxum costuma dar o melhor de si, e se ofende quando não é reconhecida. Ela também foi enfeitiçada pela bruxa Oxorongá, que a grudou em seu próprio trono, impedindo Oxum de reverenciar o grande orixá Oxalá, em uma visita ao seu palácio. Mesmo assim, fazendo um grande esforço, ela se levantou, se ferindo gravemente e manchando com sangue vermelho o palácio e as roupas. Oxalá, ofendido, vai embora do palácio de Oxum, que havia sido todo cuidadosamente preparado por ela para recebê-lo. Oxum fica muito entristecida. Mas Exú intercede a favor de Oxum e explica a Oxalá o ocorrido, que volta muito feliz com o esforço dela para recebê-lo. Por isso Oxalá sempre escuta Oxum.
Será que as filhas de Oxum sempre sofrem desses males?
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