Vou contar uma historinha que vi ontem:
Kanye West, no quinqüagésimo ano do Grammy Awards, estava no meio do discurso quando a produção do evento começou a tocar uma música de fundo em cima da fala dele para que ele encurtasse os agradecimentos. Ele então interrompeu a fala para perguntar: "Oh man, are you really gonna play music on me?", e continuou com os agradecimentos, mas a produção não cortou a música, deixou rolando.
Ao final do discuro, logo antes de homenagear a mãe, e também já muito puto, resolveu dizer (já que a musiquinha de fundo continuava 'on and on'): "It would be of really good taste if you'd stop the music now". Daí a produção cortou a música e ele foi aplaudido.
* * *
O que eu entendi disso? Ele estava lá como pessoa física, aberto, não era mais representante de nenhuma instituição. Era o direito dele enquanto pessoa, contra a estrutura de um mega evento com limites de tempo e comportamento.
Estar no palco do Grammy, fazendo um discurso após ter sido premiado, se expondo para milhares de pessoas em todo o mundo, via-satélite, e peitar a produção de um mega evento como esse requer muita coragem.
É uma coragem que eu vejo faltando às pessoas em geral. E não é fácil vencer essa barreira. É preciso estar seguro de si, de quem se é e do que se sente. É preciso saber no quê se acredita pra poder peitar. Então talvez o que falte não seja coragem, mas sim a segurança interna.
Vamos falar sobre coragem no nosso dia-a-dia. Pessoas com medo de se apaixonar, pessoas com medo de se expor, de sofrer, pessoas com medo de fazer valer os seus direitos, medo de perder as outras pessoas, medo de ser tido como arruaceiro, etc.
Esses medos vão minando a nossa segurança interna de que temos certos direitos, o direito de expressar o que sentimos, o direito ao nosso espaço e à nossa integridade e não é a produção de nenhuma festa nem qualquer governo, assaltante ou posição de destaque social que vai tirar isso de mim ou de qualquer outra pessoa!
Kanye West é negro, e assim como ele poderia ter se sentido amedrontado de não ter o seu pedido atendido, nós somos nascidos no terceiro mundo, com medo de outras nações mais fortes, como se os gringos pudessem ser melhores que nós por terem organização e dinheiro.
ACORDA Brasil. Integridade é necessária agora. Sem medo de expor nossas emoções; quando nos sentirmos aviltados, não precisa gritar, não precisa bater nem ameaçar. É só expor com clareza a quem quer que seja que pisou no seu calo para que a situação não se repita. Violência não é necessária. E violência aqui inclui engolir os sapos, porque é uma violência contra si mesmo. Isso não pode ser permitido jamais.
Coragem meu povo, coragem! (ou melhor... Segurança interna, meu povo! Não tenham medo de se posicionar por si mesmos.)
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