segunda-feira, maio 07, 2007

Quem sou eu inteira?

A estas alturas, ele já se convenceu de que gosta dela. Mas ela sabe que enquanto ele se mudava, me ligava para dizer que em mim pensara? Ela sabe que ele me ignora e por que ignora? A estas alturas, não precisei me convencer de nada. Tudo foi, naturalmente, se apagando. Foi uma chama que se acendeu meio que por engano. Foi um hipnotismo momentâneo. Aquele momento, com o qual ele sonha, que acontecerá/ia no futuro, nunca existirá. Eu digo. Eu faço. Fiz tudo o que podia. Aqui coloco meu ponto, final, certeiro. Sem vírgulas. A respiração ficou para frente e para trás. Aqui neste momento há apenas vazio, o espaço entre uma e outra respiração. Declaradamente meu ponto é aqui, mas já saltei do trem há muito tempo. Só que tem amores que deveriam ser passíveis de serem expurgados para fora das nossas células. Tem amores que encravam nos ossos, tem amores que marcam a pele. Esse amor não foi nenhum dos três, mas todos juntos e ao mesmo tempo nada. Só uma memória, agora, nem dolorida nem feliz.
União e separação de almas. Tem divórcio no inferno?
Com quem eu falo para processar alguém que levou um pedaço de mim, sem autorização nem aviso prévio? E com quem eu pego de volta, caso esse pedaço seja encontrado? O que eu faço com o buraco que ficou no lugar do pedaço que havia antes? Quem mandou eu colocar seu nome no meu pedaço? Quem mandou eu tatuar nas paredes das veias do meu coração, aquelas que levam e trazem meu sangue, a cada vez que nos beijávamos, a cada vez que eu perdia a cabeça... Quem mandou? Não foi você... Você só sugeriu. Você colocou uma aliança no meu esôfago, e ficou difícil de respirar. Aí, você quis agarrar minha cintura e me partiu em duas metades, a de cima e a de baixo. A de cima é santa, muito razoável, ponderada. Já a de baixo, sem os olhos para ver, foi enganada por mais de mil vezes achando que sempre era você.
E quem é você? Porque eu via uma coisa, mas você era outra... E quem sou eu agora? Agora que já curei o buraco, entupi com chocolate, -derretido ele conserta qualquer coisa... Agora que estou inteira e tenho todo o tempo para mim e que posso fazer todas as minhas vontades... Quem sou esta e o que quero? Minhas partes confusas que gritavam em vozes separadas mas ao mesmo tempo, aonde estão? Um coro em uníssono, é tudo o que ouço... E não é o seu nome que elas gritam, mas sim o meu. Há vida neste corpo? Finalmente.

Um comentário:

Natacha disse...

Olha.

A gente se apega. A gente é antropofágico. A gente é quase trágico. Quase tonto, quase sonso, quase imundo. Mas a gente não é mudo.

A gente é iluminado.

Apesar.

(vi teu comenteario no meu blog, e achei nada ver a "vergonha" que você viu em mim. não era vontade de não parecer. era realmente não ser. eu não sou de uma família rica, nem estável, nem de classe média, Alex. o meu vocabulário e a minha maneira de vestir são simples. rs. meus pais não me deram os melhores colégios, as melhores roupas, eu sempre estive entre pessoas que falam brusa, sempre convivi no meio do funk, pagode, pop. é realmente não ser. ser pobre, ser da classe baixa, pé no chão, lidando com alcoolismo, vendo vizinhos brigando na rua. e por motivos bobos, alguém ,cheio de inocência e malícia, põe por água abaixo tudo aquilo que você é. mas não põe de verdade, apenas abala as estruturas da sua mente.)